Samara Felippo foi ao Instagram para fazer um desabafo sobre o rumo que o processo de racismo contra a sua filha Alicia tomou. A jovem, de 14 anos, foi alvo de preconceito na escola onde estuda, em São Paulo, em abril deste ano. A atriz publicou uma nota sobre a ação.
“Vítima de racismo explícito ocorrido na escola, no dia 22 de abril, minha filha, de 14 anos, foi proibida de se manifestar no processo que apura a conduta de suas ex-colegas de escola, agressoras que inclusive confessaram a prática de racismo. Onde a escola também reconheceu o ato racista. Ela poderá participar da audiência, mas calada, sem o direito de apresentar sua versão dos fatos”, declarou.
A revolta da atriz é fundamentada no depoimento das agressoras, que dera sua versão dos fatos. “Por que um ato infracional análogo ao crime de racismo, confessado pelas agressoras, está sendo tratado como violação de direitos autorais? Ou seja, está sendo tratado como se as agressoras somente tivessem rasgado um trabalho escolar e ponto”, completou.
“Existe uma frase violenta de cunho racista no interior do caderno. Por que isso não está sendo levado em conta?”, descreveu.
Samara disse que se manifestou porque ouvia de muitas pessoas que a Justiça lhe daria ouvidos por ela ser branca e famosa. “Então eu estou aqui porque realmente estou assustada com o andar das coisas. Até o momento a Justiça não me ouviu, não ouviu minha filha, meus advogados”, pontuou.
Por fim, ela contou que está buscando uma maneira de alterar essa decisão. “Não estou lutando somente pela minha filha, venho há anos, através das minhas redes, denunciando casos de racismo. Não sei o que pensar sobre essa decisão. Meus advogados estão tomando as providências, mas estou estarrecida. A relativização do racismo persiste”, encerrou.
Samara Felippo presta depoimento sobre racismo contra sua filha
A atriz e produtora Samara Felippo vai prestar depoimento na manhã desta terça-feira (30/4) sobre a denúncia de racismo sofrido por sua filha mais velha, de 14 anos, no Vera Cruz, colégio de elite na zona oeste de São Paulo. O caso é investigado pelo 14º Distrito Policial, em Pinheiros, perto da escola.
A denúncia foi registrada em um boletim de ocorrência eletrônico como “preconceito de raça e de cor”.
Samara afirmou que pretender dar andamento a um processo legal contra as duas colegas que furtaram o caderno, arrancaram as páginas e escreveram ofensas raciais contra a sua filha, que é negra.
Nessa segunda-feira (29/4), circulou no grupo de pais da escola uma mensagem da família de uma das agressoras. Os pais dela afirmam que pretendem retirar a filha da escola. Ela e a outra menina confessaram a agressão racista e foram suspensas por tempo indeterminado das atividades pedagógicas pelo Vera Cruz, além de terem sido proibidas de participar de uma viagem escolar.
Em entrevista à CNN, Samara Felippo disse que não desejava que as agressoras continuassem a conviver no mesmo ambiente que sua filha. Pelas redes sociais, ela criticou a ideia de uma “segunda chance”, e pediu para que o racismo fosse tratado com a seriedade que o crime exige.
Em nota, o Colégio Vera Cruz, disse que as alunas não são reincidentes em agressões racistas e que as sanções “foram determinadas conforme regras e procedimentos institucionais, que levam em consideração os sentidos das punições no ambiente escolar”. A escola ainda destacou que, desde 2019, realiza um projeto para as Relações Étnico-Raciais, voltado ao combate do racismo estrutural entre os alunos, professores e gestores.
Segundo a nota, o caso deixou evidente “a importância da ampliação do letramento racial”.