Após a reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Guida Aquino, se retirar de uma reunião com o comando local de greve dos professores, na última quarta-feira (12), citando desrespeito como motivo, os docentes da instituição se manifestaram sobre a atitude.
O encontro aconteceu na sede da Associação dos Docentes da Ufac (Adufac). Em conversa com o ContilNet, a professora Raquel Ishii afirmou que houve questionamentos com relação à gestão democrática e o orçamento da universidade, bem como exigências de cumprimento de estatuto e regimento da instituição. Em determinado momento, a reitora optou por encerrar as discussões.
“Durante as discussões a professora e a administração decidiram se retirar da mesa de negociações. A gente quer enfatizar o termo se retirar, pois como é uma mesa bilateral, ela não tem como suspender uma mesa de negociação. Ontem mesmo publicamos um vídeo lamentando muito que a administração tenha se retirado e reforçamos que nós do comando local de greve continuamos à disposição para seguir na mesa de negociações da nossa pauta local”, enfatizou.
Em vídeo divulgado ainda na quarta-feira, Guida expressou sua frustração relacionada ao diálogo com os professores. “Desde o início da greve, temos apoiado, feito moções de apoio no Conselho e encaminhado para as instituições e sindicatos. Por falta de respeito e por falta de um diálogo democrático, nós suspendemos. E nesse tom, nós não vamos continuar”, disse.
O professor Moisés Silveira Lobão classificou a atitude da gestão da universidade como desrespeitosa, visto que a reunião visava discutir importantes pautas para a comunidade, tanto docente, quanto estudantil.
“A universidade, dentro de seu estatuto de regimento, coloca que aqui é um local de gestão democrática, onde todas as decisões são feitas de forma colegiada. O que a gente assistiu ontem foi um certo desrespeito por parte da administração, que é quem tem que prezar para que se cumpra os regimentos”, argumentou.
Nesta quinta-feira (13), o Fórum de Reitores da Norte emitiu uma nota de apoio à Guida. No pronunciamento, assinado pelos reitores das Universidades do Pará, Roraima, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Tocantins, diz que Guida vem sofrendo ataques constantes de representantes do comando da greve local.
“A situação diverge do objetivo original da greve dos servidores das universidades federais e entra na esfera das ofensas pessoais e destrói a união que deveria existir em toda a comunidade acadêmica neste momento de luta”, disse a nota.
Reinvidicações
Entre os motivos para a paralisação estão as perdas salariais, a não revogação de medidas adotadas ainda no Governo Bolsonaro (como a Reforma Administrativa, por exemplo), orçamento considerado insuficiente para as instituições, falta de avanços na reestruturação de carreira e outras questões.