Saiba por que O Conto da Aia inspirou protestos contra a PL do aborto

Na série, mulheres e meninas são submetidas a um sistema brutal onde são submetidas a estupros e gestações indesejadas

A aprovação da urgência do Projeto de Lei (PL) 1.904/24, que equipara o aborto ao crime de homicídio, na quarta-feira (12/6), gerou uma série de manifestações, sobretudo na web.

O assunto levou internautas a comparerem o Congresso Nacional com Gilead, o regime autoritário e teocrático que toma conta dos Estados Unidos na distópica série The Handmaid’s Tale — ou O Conto da Aia (título em português) —, adaptação do livro homônimo de 1985, escrito pela canadense Margaret Atwood.

Série O Conto da Aia/Foto: Reprodução

De autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), o PL 1.904/24 prevê que abortos realizados após 22 semanas de gestação sejam considerados homicídio. A medida se aplicaria mesmo que a mulher fosse vítima de estupro. Críticos ao projeto levantam a discussão sobre como o texto pode afetar, principalmente, crianças vítimas de abuso sexual, já que são elas que levam mais tempo para identificar uma gravidez.

Em meio ao debate sobre o polêmico projeto, imagens de O Conto da Aia viralizaram nas redes sociais. Na série, mulheres e meninas são submetidas a um sistema brutal onde devem servir como “aias”, cuja função principal é gestar filhos para as famílias dominantes em um contexto de baixíssima taxa de natalidade.

Esse sistema inclui estupros rituais como parte de uma prática religiosa distorcida, onde a autonomia sobre o próprio corpo é completamente negada. Gilead é uma sociedade baseada em interpretações extremas de valores religiosos cristãos, onde a lei é fundamentada em preceitos religiosos e as punições são severas para quem desobedece.

A protagonista é June Osborne, vivida por Elisabeth Moss, uma ex-editora de livros que foi separada de seu marido Luke e de sua filha Hannah, quando Gilead surgiu por meio de um golpe. Nesse contexto, ela é treinada para “servir” aos líderes do regime mas, apesar do controle opressivo, acaba se tornando uma das principais líderes das aias na busca por formas de resistir ao regime.

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