Projeto monitora ataques de onças e pode gerar mais de meio milhão de dólares em créditos de carbono

O projeto está instalado em quatro propriedades rurais no Bujari, foi instalado em 2019, mas apenas em 2023 passou a monitorar os felinos

Um projeto intitulado Hiwi, da empresa Carbonext, faz parte da iniciativa de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal (REDD+), surgindo inicialmente para observar áreas de desmatamento, ganhou uma aplicação diferente, sendo utilizado para o monitoramento de ataques de onças ao gado no Acre.

O monitoramento dos ataques é importante, pois as onças são alvo de caça na região, devido às ofensivas feitas por elas aos animais dos donos das propriedades rurais, entretanto, elas são consideradas como  “espécies guarda-chuva”, que impactam de maneira direta ou indireta o ecossistema do local caso não sejam protegidas.

Através do Hiwi é possível monitorar, diretamente do telefone celular, que identifica alguns padrões nos ataques feitos pelos felinos, gerando assim informações prévias ao utilizador, sem que ele precise realizar o deslocamento até onde ocorreu o fato.

A coordenadora do Projeto Hiwi, Larissa Albino, explicou ao G1 como é realizado este monitoramento, e diz que o aplicativo é capaz de dizer se “o ataque foi feito provavelmente de dia ou de noite, se foi macho ou fêmea, aonde que o animal foi atacado e onde o animal foi consumido. Então, todas essas informações são informações substanciais para a gente avaliar qual é o padrão de ataque que o rebanho sofre no pasto”.

Já foram registrados 14 ataques de onça apenas em 2024/Foto:ICMBio

Em uma das quatro propriedades observadas no Bujari, onde todas estão localizadas, uma câmera foi instalada, para que seja possível identificar a espécie que mais está realizando as investidas e em qual período anual eles acontecem com maior frequência.

Apenas no ano de 2024, já foram catalogados 14 ataques realizados por onças nas quatro propriedades monitoradas, o que leva à caça do animal. Também em entrevista ao G1, a bióloga Marina Lusvardi, explica como funciona a proteção de animais considerados espécies guarda-chuvas.

“O território, a qualidade da água, outros animais, outros predadores, herbívoros. Então, proteger a onça é você proteger uma área muito grande com muitas outras espécies junto”, explica ela sobre o efeito cascata que se tem ao proteger estes felinos.

A coordenadora do Hiwi diz que mais dados são necessários para que uma avaliação mais precisa seja feita, mas sugere que cercas, luzes próximas aos limites da propriedade e melhor localização dos berçários de bezerros.

A câmera do projeto Hiwi ajudam a monitorar o comportamento dos animais/Foto: Arquivo pessoal/Projeto Hiwi

“Mas primeiro a gente precisa aumentar nosso banco de dados para ter exatamente a melhor forma para poder evitar esses ataques”, enfatiza ela.

Atualmente, pouco mais de 20 mil hectares são monitorados pelo projeto e que através deste monitoramento e do incentivo ao uso sustentável do local sejam preservados mais de 5 mil hectares, evitando seu desmatamento, em um período de 30 anos, equivalente 2,64 de toneladas de CO². Anualmente, devem ser feriados 60 mil créditos de carbono, podendo chegar até os 80 mil anuais até o fim desta década.

Os valores relativos a esses créditos podem chegar, considerando a média anual de 2023, que ficou entre U$11 e U$14, o montante anual de 60 mil créditos, que poderia ser comercializado por valores entre U$660 mil e U$840.

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