Uma hora ou outra essa polêmica volta à tona. Na última terça-feira (18/6), o ex-BBB Mahmoud Baydoun afirmou, em entrevista ao podcast Acompanhadas, que o ponto G não existe. O sexólogo ainda reforçou a inexistência de pesquisas científicas que comprovem a existência deste “pontinho do prazer”.
“Não existe! Durante séculos, a sexualidade feminina foi vista como um ‘mal necessário’ para a procriação. Não foram feitos muitos estudos sobre a anatomia e o prazer sexual feminino. Se você dissecar uma vulva, você não vai encontrar nada que seja esse ponto G. Não tem como afirmar uma coisa que não existe”, contou.
De acordo com o sexólogo, as mulheres conseguem sentir prazer em toda a extensão da genitália. Por isso, a invenção de pontos sexuais acaba favorecendo as empresas, que se aproveitam da “preocupação e insegurança” de pessoas com vagina.
“As pessoas ficam inventando pontos no corpo para vender vibrador. As mulheres ficam desesperadas, comprando todos os vibradores do mundo quando, na verdade, ela mesma tem que descobrir o próprio prazer. Cada pessoa se relaciona de forma diferente”, frisou Mahmoud Baydoun.
Afinal, existe ou não ponto G?
Segundo a sexóloga Claudia Petry, alguns especialistas acreditam que o ponto G, uma área de maior sensibilidade dentro da vagina, existe e pode proporcionar prazer sexual intenso para mulheres. No entanto, outros argumentam que não há evidências científicas suficientes para comprovar sua existência.
“Para mim, que educo sexualmente homens e mulheres, o mais importante é focarmos em conhecer nosso próprio corpo e saber onde sentimos prazer, ao invés de nos preocuparmos com os nomes específicos. Afinal, é daí que surge a autonomia sexual que nos liberta de ‘convenções sociais’”, diz ao Metrópoles.
Teoria do ponto G
Questionada sobre a teoria do ponto G, criada em 1950 por Ernst Gräfenberg, Claudia alertou sobre o contexto histórico da época. Inclusive, Mahmoud Baydoun mencionou no podcast que a tese nunca foi comprovada de fato, pois o ponto sexual não foi encontrado em dissecações de vulvas reais até hoje.
“Esse estudo científico descreve uma área sensível na parede anterior da vagina que poderia proporcionar prazer intenso quando estimulada. Esse estudo foi um marco na compreensão do ponto G, portanto, eu entendo que, em 1950, tomou-se como verdade e o estudo científico foi aceito”.
A especialista em educação para a sexualidade pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) acrescenta: “Acredita-se mais se tratar da parte atrás do ‘clitóris’, portanto, não seria um ‘novo’ ponto e sim o clitóris que só foi descoberto bem depois de 1950.”
Orgasmo e ponto G
O ponto G foi tido por anos como a principal zona erógena das mulheres. Mas, se teoricamente ele não existe, o que intensifica os orgasmos femininos?
“Atualmente, a gente diz que todo orgasmo parte do clitóris. Então, não existe o orgasmo vaginal, anal ou do seio, por exemplo. Tudo parte do clitóris. Não precisa ter toque genital, mas se o clitóris for ativado, o prazer virá dele”, elucida Claudia ao Metrópoles.
Por fim, ela ressalta a importância de falar abertamente sobre o prazer da mulher. “Muitas mulheres sequer sabem como é ou funciona seu clitóris. Precisamos de uma sociedade que fale abertamente sobre o prazer da mulher — inclusive entre nós, mulheres.”