Atlas da Violência: mais de 280 mulheres foram mortas em dez anos no Acre

Negras representaram 80,3% dos registros de óbitos em uma década, segundo levantamento feito por ContilNet

Em uma década: de 2012 a 2022, o Acre registrou pelo menos 289 mulheres vítimas de violência letal, segundo o Atlas da Violência 2024, lançado na última terça-feira (18), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

O levantamento é do ContilNet, com base nos números que estão no Atlas do Ipea, tabulados, mas não constantes de forma explícita, tendo sido necessária uma observação mais acurada da reportagem deste site.

Outro fenômeno, que segue historicamente no país, e que teve reflexos impressionantes no Acre, foi o de que a morte de mulheres negras no estado representaram mais de 80% dos registros totais nestes dez anos. As altas taxas de homicídio de homens negros, em comparação com não negros se repetem na violência letal contra a mulher. Observa-se que das 289 mulheres assassinadas entre 2012 e 2022, 80,3% eram negras. Portanto, desse total, apenas 57 (19,7%) eram não negras.

O levantamento é do ContilNet, com base nos números que estão no Atlas do Ipea/Foto: Reprodução

“O racismo estrutural e institucional, a interseccionalidade entre gênero e raça, bem como a insuficiência de políticas específicas de proteção a esse público, são chaves interpretativas que precisam ser consideradas para compreender esses altos índices, uma vez que mulheres negras são tradicionalmente mais expostas a fatores geradores de violência, em comparação com mulheres não negras”, assevera o Atlas da Violência 2024.

Em 2022, estado ficou acima da taxa nacional de morte de negras

Com relação às taxas de homicídio de mulheres negras mortas a cada 100 mil habitantes em 2022, o Acre ficou um pouco acima da taxa nacional. Enquanto neste mesmo ano, o Brasil registrou 4,2 mortes de pessoas do sexo feminino por 100 mil moradores, aqui no estado, esse número foi de 4,5 por centena de pessoas.

Em 17 estados, as taxas de homicídio de mulheres negras superaram a taxa nacional em 2022. As três mais altas foram encontradas em Rondônia (7,5), Ceará (7,2) e Mato Grosso (6,9), sendo que este último estado registrou uma taxa maior do que a taxa nacional em todos os últimos 10 anos.

Terceiro estado com maior redução de crimes contra mulher, em 2022

Em pelo menos 13 dos 27 estados brasileiros houve redução na taxa de homicídios femininos, em 2022 em relação ao ano anterior, com destaque para o Acre (-20,3%), atrás somente do Tocantins (-24,5%), e do Distrito Federal (-24,1%).

Na direção contrária vieram 12 estados registrando aumento nos homicídios de mulheres em 2022, em comparação a 2021. As maiores variações foram observadas em Roraima (52,9%), Mato Grosso (31,9%) e Paraná (20,6%). De outro lado, 20 estados superaram a taxa nacional de homicídios de mulheres, sendo que as três piores taxas foram observadas em Roraima (10,4), Rondônia (7,2) e Mato Grosso (6,2). O levantamento chama atenção para três estados localizados nesta região, que tem se destacado pelos elevados índices de homicídios nos últimos anos.

Segundo a 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2023, as taxas de Mortes Violentas Intencionais na Amazônia Legal foram 54% superiores à média nacional.

“Dessa forma, os dados aqui apresentados apontam para a necessidade de se olhar mais especificamente para a violência contra as mulheres nessa região”, recomenda o documento.

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