SRAG no Acre: Fiocruz prevê crescimento de internações e novos casos; Sesacre acompanha situação

Em entrevista ao ContilNet, Pascoal afirmou que foi observado um aumento nos atendimentos, mas em um cenário diferente do ano de 2023

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou, na última quinta-feira (20), o novo Boletim Infogripe. Segundo os dados, o Acre é um dos 11 estados que apresentam tendência de crescimento a longo prazo da Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). No último boletim, o Acre apresentou tendência de queda em novos casos de SRAG, seguindo o cenário nacional.

O motivo do aumento no número de casos se dá pelo início do inverno no Hemisfério Sul, período em que a transmissão dos vírus respiratórios se intensifica, por isso a gripe e outras doenças respiratórias são conhecidas como doenças sazonais

Além disso, o Acre é um dos estados que mostram crescimento de internações em crianças por vírus sincicial respiratório (VSR), junto com Amazonas e Amapá.

O motivo do aumento no número de casos se dá pelo início do inverno no Hemisfério Sul/Reprodução

Em entrevista ao ContilNet na última semana, o secretário de Saúde, Pedro Pascoal, afirmou que foi observado um aumento nos atendimentos, mas em um cenário diferente do ano de 2023. “Era um cenário bem agressivo, com predominância do vírus sincicial respiratório, que era o que ocasionava as bronquiolites nas crianças. Hoje nós estamos vendo mais casos de influenza H1N1, seguido de rinovirus, alguns casos de Covid-19, mas nenhum evoluiu para forma grave e por último, o vírus sincicial respiratório”, explica.

O secretário continuou dizendo que este é um cenário que precisa de observação. “Nós tivemos uma taxa alta de ocupação de leito de UTI, mas era adulto, não tivemos sobrecarga no serviço de pediatria. Nós temos uma reserva boa, não só para leito de UTI, mas também enfermaria pediátrica. Nossas crianças terão garantia de assistência caso tenhamos um novo cenário de aumento abrupto”, afirmou.

Pascoal disse ainda que quando é observado um boletim, como o da Fiocruz, a Semana Epidemiológica que é mostrada não é a vivida no momento. “Há um delay de 7 a 14 dias nas informações, mas isso não passa despercebido por nós. Nós fizemos vídeos em semanas seguidas e em um cenário a Vigilância Epidemiológica mostrava um cenário estável para síndrome gripal, que é o paciente que não apresenta sinais de gravidade. Nós tínhamos um público de 20 a 29 anos com maior número de notificações. Na semana seguinte, nós já tínhamos um outro cenário: nós tínhamos crianças menores de 4 anos e pessoas maiores de 60 acometidas pelos vírus respiratórios que ocasionaram SRAG, aquele paciente que precisa de maior observação e até internação”, finalizou. (Veja a entrevista completa abaixo). 

Secretário Pedro Pascoal em entrevista ao ContilNet/Foto: Matheus Mello/ContilNet

O boletim é referente à Semana Epidemiológica (SE) 24, de 9 a 15 de junho e tem como base os dados inseridos no Sistema de Informação de Vigilância Epidemiológica da Gripe (Sivep-Gripe) até o dia 17 de junho.

Segundo o pesquisador do Programa de Computação Científica da Fiocruz (Procc/Fiocruz) e coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, a retomada do aumento das internações associadas ao vírus influenza A em alguns estados já era esperada, pois as questões climáticas, em algumas regiões, favorecem a transmissão do vírus.

Além do Acre, outros 10 estados apresentam crescimento de SRAG na tendência de longo prazo: Amapá, Amazonas, Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Piauí, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Roraima e São Paulo.

Segundo o boletim, 11 capitais mostram indícios de aumento: Boa Vista (RR), Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Macapá (AP), Manaus (AM), Porto Alegre (RS), Rio Branco (AC), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Teresina (PI) e Vitória (ES).

Fonte: Fiocruz

Cenário nacional

Referente ao ano epidemiológico 2024, já foram notificados 78.835 casos de SRAG, sendo 38.361 (48.7%) com resultado laboratorial positivo para algum vírus respiratório, 28.662 (36.4%) negativos, e ao menos 7.398 (9.4%) aguardando resultado laboratorial. Dados de positividade para semanas recentes estão sujeitos a grandes alterações em atualizações seguintes por conta do fluxo de notificação de casos e inserção do resultado laboratorial associado. Dentre os casos positivos do ano corrente, tem-se influenza A (22,6%), influenza B (0,6%), vírus sincicial respiratório (51,0%) e SARS-CoV-2/Covid-19 (5,2%).

Assista a entrevista com Pedro Pascoal:

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