Mulher vira brigadista após perder filho durante incêndio no Pantanal

Débora Ávila perdeu o filho, de 5 meses, durante incêndios no Pantanal em 2020. Hoje, ela atua como brigadista para evitar outras tragédias

Débora Ávila entrou para a brigada do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo) — que faz parte do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) — em 2023. Três anos antes ela, perdeu o filho, de 5 meses, Gabriel David, durante os incêndios que devastaram o Pantanal, em 2020.

“Ele já veio com problema no pulmão. Ele tinha de ter ar puro, e a fumaça o sufocou. A fumaça invadiu a cidade, da queimada. Então, ele veio a óbito por conta da fumaça”, contou Débora Ávila à TV Globo.

Reprodução/ TV Globo

A mulher, então, decidiu se tornar brigadista para que outras mães não passem pelo mesmo. “Se a gente continuar fazendo o nosso papel — brigadistas, Prevfogo, todos —, se a gente continuar fazendo o que a gente está aqui para isso, então tem muita família que vai ficar um pouquinho mais com o seu filho”, afirmou Débora.

Incêndios no Pantanal

Débora está entre os mais de 400 brigadistas que estão na linha de frente do combate ao fogo no Pantanal, que bateu recordes históricos no primeiro semestre de 2024. Apenas em junho, o bioma totalizou 2.632 queimadas, o que corresponde a uma ocorrência a cada 15 minutos.

Segundo o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, algumas áreas do Pantanal poderão ter perdas irreversíveis. No total, quase 5% de todo o bioma foi queimado, apenas neste ano. “A natureza volta em muitas áreas depois de desastres como esse. [Mas] Em alguns lugares, a perda é significativa. Em alguns lugares, pode ser, inclusive, irreversível. A gente está muito assustado em ver, pelo sexto ano seguido, o Pantanal sem o período de cheias”, declarou Agostinho em entrevista ao g1 e à TV Globo.

Para o governo, o recorde de queimadas é provocado por um conjunto de fatores, entre eles a seca extrema na região. Entretanto, Rodrigo Agostinho não descartou que parte dos focos de incêndio tenha sido causada por criminosos.

“Eu não descarto que algumas dessas áreas onde o fogo começou tenha sido fogo para limpeza dos restos vegetais que ficam depois do desmatamento. Tudo isso está sendo investigado e, se a gente encontrar responsáveis por esse fogo, essas pessoas responderão criminalmente. A Polícia Federal foi acionada e já abriu um inquérito de investigação”, afirmou.

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