O Dia do Oncologista é usado para celebrar a profissão dos médicos oncologistas. Este braço da medicina é responsável pelo diagnóstico e tratamento do câncer. Nesta terça-feira (09), o ContilNet traz a história de Rafael de Carvalho Teixeira, de 35 anos.
Ele, nascido em Sena Madureira, é oncologista clínico de formação, professor da Uninorte, colaborador da Universidade Federal do Acre e gerente de assistência do Hospital de Câncer do Acre (Unacon). Rafael começa falando, quando começou a se interessar por este ramo da medicina:
“Foi durante a faculdade, por volta do quinto ou sexto período, na disciplina chamada Patologia Médica, onde a gente basicamente estuda as doenças por sistemas; doenças no aparelho respiratório, do aparelho cardiovascular […] Nesses capítulos, sempre me interessei pela parte oncológica pelas doenças da Oncologia”, afirma.
Sobre a oncologia
A oncologia é uma especialidade médica que trata de câncer. Existem oncologistas clínicos, que são especialistas no tratamento de tumores através de medicação, quimioterapia, hormonioterapia e imunoterapia, que são administradas de várias formas: comprimidos, intravenosas, subcutâneas, entre outras.
Existem também os cirurgiões oncológicos, que tratam tumores através de cirurgias, e os oncologistas radioterapeutas ou radio-oncologistas, que utilizam a radioterapia.
“Não sei se tem uma explicação racional, mas o interesse surgiu pela complexidade e pelo desafio que é a oncologia. Ao longo da faculdade, tendo contato com os pacientes que sofrem dessas doenças, esse interesse foi aumentando. Porque muito mais que a doença, há tudo o que ela representa: a possibilidade de morte, o momento em que o paciente tem o diagnóstico, em que atravessa tratamento, ele é muito complexo também”, detalha o médico.
Rafael trabalha como oncologista clínico e também Gerente de Assistência, com foco na gerência no Unacon há pouco mais de quatro anos. Ele lida com pacientes desde o atendimento ambulatorial, novos pacientes que chegam, aqueles que estão em tratamento ou em fase terminal.
“Trabalho também na oncologia de pacientes internados, que é meu principal campo de atuação. Esses são geralmente os pacientes mais graves e complexos, com problemas clínicos e sociais. Além disso, tento articular melhorias para o hospital junto com a equipe e a secretaria de saúde”, Ele detalha sobre sua atuação no hospital.
Trajetória
Rafael já passou por diversos casos que o tocaram e o emocionaram ao longo de sua trajetória. Na entrevista, ele cita um caso de sua residência, em 2015, no Rio de Janeiro, no INCA (Instituto Nacional de Câncer):
“Um caso que marcou foi de levar uma menina muito jovem, que descobriu um tumor raro. Ela tinha 20 anos na época e era uma menina cheia de vida, todo o futuro pela frente, estudante, ela era modelo também e ela descobriu um tumor chamado estesioneuroblastoma”, começa.
O entrevistado conta que, apesar de receber todos os tratamentos disponíveis, ela piorou ao longo de um ano e entrou em cuidados paliativos, falecendo sob nossos cuidados – voltados para melhorar a qualidade de vida do paciente e da família quando não há mais perspectiva curativa.
“Lembro do episódio no plantão em que perguntei o que ela gostaria que você fizesse por ela. Ela disse que queria comer yakisoba – comida japonesa. Foi legal. Pedimos o yakisoba e, quando chegou, ela estava com a família – a mãe dela estava com a gente. Ela ficou muito feliz. Depois de um tempo, ela faleceu, mas faleceu muito agradecida, e a família também ficou muito agradecida”, finaliza.
Origem
Rafael morou em Sena Madureira até os 15 anos. Ele foi para Rio Branco para estudar. Inicialmente, fez Engenharia Civil, mas depois entrou em Medicina:
“Esse processo de escolha da medicina é bem complexo, não tem nenhum motivo. Envolve um pouco de um altruísmo de tentar ajudar de alguma forma as pessoas que precisam. Talvez envolve um pouco de, na época nem tinha consciência, sensibilidade com o sofrimento”, ressalta o entrevistado.
Ele conta que, apesar do trabalho árduo emocionalmente, se sente feliz todos os dias:
“Ao mesmo tempo que a gente lida com a morte, a gente valoriza a vida a cada dia. São famílias novas e pacientes novos no processo de crescimento e de alguma forma enche a gente de vida também”, diz.
O médico também deixa claro que a Oncologia também cura. Nos últimos anos, houve avanços significativos, como a ampliação de leitos e a melhoria no acesso a tratamentos. E como o diagnóstico precoce é eficaz no processo de cura dessa doença.
Rafael Carvalho também fala como, um de seus objetivos ao voltar para o Acre depois da residência, foi a necessidade de profissionais dessa área.
“Era essa ideia de tentar de alguma forma contribuir para melhorar a Oncologia do lugar onde eu cresci”, conclui.
Além disso, o entrevistado deixa claro como não é um trabalho feito sozinho, há toda uma equipe envolvida:
“Ficamos felizes quando as coisas acontecem, como a radioterapia funcionando, a farmácia bem abastecida, e as terapias em geral. Além disso, os leitos foram ampliados. São essas realizações que nos deixam muito felizes. Isso me motiva muito”, ressalta.