Musa do cinema marginal, Maria Gladys fala sobre sua neta Mia Goth, estrela de Hollywood

Atriz brasileira falou à Cine NINJA sobre o sucesso de Mia, memes e muito mais

“Foi uma cena ‘Glauberiana’”. A emocionante despedida da atriz Maria Gladys da neta Mia, então com cinco anos, é lembrada por ela como digna de comparação ao cinema de Glauber Rocha, grande nome do Cinema Novo brasileiro. Gladys criou a neta até aquela idade no Rio de Janeiro. Ensinou português e muitas coisas da vida, e também da vida de atriz. Anos depois, a menina de ascendência brasileira nascida em Londres se tornaria um dos grandes nomes da atual Hollywood: Mia Goth.

Conhecida pelos papéis em Ninfomaníaca: Volume II (2012), Suspiria (2018), Infinity Pool (2023) e na trilogia de Ti West composta por X: A Marca da Morte (2022) Pearl (2022) e MaXXXine (2024), foi na avó Maria Gladys, musa do cinema marginal entre as décadas de 1960 e 1970, que Mia Gypsy Mello da Silva Goth teve sua maior inspiração.

Atriz diz que discorda do nome artístico escolhido pela neta: “Ela tirou o ‘Gypsy’ do nome, mas é tão bonito!”/Foto: Reprodução

“Desde pequenina, com três anos, ela já era atriz. Sempre foi uma menina muito interessante e muito talentosa. Ela é o máximo! Parece com a mãe dela, minha filha Raquel”, lembra Maria Gladys, aos 84 anos, em entrevista exclusiva ao Cine NINJA por telefone.

Do Bar Lagoa, no Rio de Janeiro, onde bebe uma cerveja ao lado de uma das filhas, a atriz diz que discorda do nome artístico escolhido pela neta: “Ela tirou o ‘Gypsy’ do nome, mas é tão bonito!”

Maria Gladys lembra que a mudança da neta para a Inglaterra, ainda na infância, foi difícil para ambas. “Eu criei ela e fiquei muito ‘agarrada’. Ela viveu comigo na minha casa, em Ipanema, e começou a falar aqui… Quando Mia foi embora, ficamos muito tristes, eu e ela. Ela chorou muito e foi uma despedida, como disse uma amiga minha: glauberiana”.

Para Gladys, os memes são bem vindos/Foto: Reprodução

Hoje, a veterana regozija com a repercussão dos internautas sobre o parentesco das duas. Nas redes sociais, fotos de Goth são bombardeadas de comentários sobre o fato de ela ser “neta da atriz brasileira Maria Gladys”.

Para Gladys, os memes são bem vindos. “Gosto muito, claro, como não gostar? Minha neta querida, minha paixão. Criei ela pequena e agora já é uma mulher, mãe da Isabel, que ainda não conheço… Tenho que ir até lá (Los Angeles). Aqui ela diz que vai chegar, mas não chega”, dispara.

Em 2022, Goth deu à luz Isabel, fruto do relacionamento com o também ator americano Shia Labeouf. “Tenho que me organizar para chegar lá e conhecer a filhinha dela, apesar de não suportar americano”, brinca Maria Gladys, que diz preferir os ingleses.

“Fui passar um pouco tempo em Nova York, mas não suportei. São mais agitados, frios e sistemáticos. É aquilo: business before pleasure. Gosto dos ingleses, são pessoas mais calmas.”

Gladys, que viveu durante anos no interior de Minas Gerais, retornou para uma temporada em terras cariocas. A atriz não descarta, porém, o retorno para Santa Rita de Jacutinga (MG).

“Não gosto mais de ficar no Rio. É caro e meus amigos já não moram mais aqui. Foi muito bom mas já não tem o encanto, Meus filhos foram criados aqui, era uma farra… Os garçons (do Bar Lagoa) são meus amigos. Mas agora é outra coisa… Ipanema era lugar de artista, agora é lugar de rico, de milionário.”

A cidade mineira foi escolhida pelo primogênito, de quem Gladys engravidou aos quinze anos. “Meu filho foi passar um tempo com a namorada por lá e se apaixonou. Vive lá há vinte anos.”

Sobre a possibilidade de trabalhar ao lado da neta Mia em algum projeto, Gladys comenta: “Seria o máximo, mas é um sonho. Não vai existir, porque ela trabalha nos Estados Unidos, mas seria engraçado. Seria bom!”

“O futuro, como dizia minha mãe, a Deus pertence. Talvez eu viaje para estar perto da Mia e conhecer a filhinha dela, minha bisneta. Também estou pensando em ir a Portugal passar um tempo por ali. Gosto muito da Europa. O plano é curtir todas essas coisas que estão acontecendo.”

Cinema 

Um dos grandes nomes do Cinema Marginal, movimento de vanguarda do cinema brasileiro que tem entre os expoentes os cineastas Rogério Sganzerla e Júlio Bressane, Maria Gladys deve retornar às telonas em “A Fúria”, próximo lançamento de Ruy Guerra nos cinemas.

Assim como a neta, a próxima estreia de Gladys também encerra uma trilogia: “A Fúria” é sequência de “Os Fuzis” (1964), também estrelado por ela, e “A Queda” (1978). O longa ainda não tem data de lançamento.

Já MaXXXine, novo filme protagonizado por Mia Goth, estreia em 11 de julho nos cinemas de todo o país.

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