Após hiato de 9 anos, Forfun retorna com turnê

Após nove anos em hiato, a banda Forfun volta a se reunir para uma série de shows pelo Brasil. Nesta sexta, o quarteto carioca desembarca em Brasília para apresentação no Estádio Mané Garrincha

Foi em meio ao auge do sucesso da MTV Brasil que uma nova banda nacional pintou na telinha de milhares dos telespectadores que curtiam a juventude no início dos anos 2000. Forfun, quarteto carioca formado por Danilo Cutrim, Vitor Isensee, Nícolas Fassano e Rodrigo Costa, destacou-se na cena musical brasileira, fazendo parte da trilha sonora de grande parte dos jovens daquela época.

Após nove anos em hiato, os integrantes se reúnem uma última vez e voltam a mostrar a força do som que marcou toda uma geração. Com 14 shows ao redor do Brasil, a turnê Nós passa pelas principais capitais do país, incluindo datas praticamente esgotadas em estádios, como Allianz Parque, em São Paulo, e Nilton Santos, no Rio de Janeiro. Nesta sexta-feira, a banda desembarca em Brasília, para apresentação no Mané Garrincha.

(crédito: Divulgação/30e)

Em entrevista ao Correio, Nícolas destaca que a série de shows não só é o maior projeto do Forfun, como o maior projeto de cada um dos integrantes individualmente. “A gente nunca tinha pensado em fazer uma turnê dessa dimensão. Desde luz, som, telão, vídeo, equipe. Em Brasília, por exemplo, vamos tocar com uma estrutura que a gente não tocou antes. É muito fantástico pensar isso”, comemora o baterista. A última passagem do quarteto pela capital federal foi justamente com a turnê de despedida do grupo, em 2015, na extinta casa de festas Jack Haus.

Desde então, foram nove anos sem os quatro integrantes subirem juntos nos palcos. Agora, com o sucesso da turnê Nós, os cariocas buscam replicar, em arenas e estádios, a mesma atmosfera dos shows que costumavam realizar em espaços menores. “Procuramos trazer a mesma energia especial que sempre tivemos com o nosso público, uma relação mais íntima, apesar de ser uma turnê de proporções gigantes. Essa intimidade e o carinho com o público se mantém”, garante Nícolas.

O segredo por trás do sucesso do Forfun, inclusive, sempre foi a relação de proximidade com os fãs. “Eu até evito a palavra fã, porque parece que estamos nos colocando em um degrau acima”, confessa o integrante. “Eu gosto de falar que são nossos camaradas, pessoas que curtem nosso som e que dão sentido a tudo que a gente se propõe fazer na música e na arte. Tudo faz sentido quando existe essa troca”, relata.

Nícolas ressalta a lealdade dos fãs, ou camaradas, que, ao longo de nove anos, continuaram ouvindo as músicas da banda, mesmo após o encerramento das atividades. “As pessoas ainda ouviam Forfun. Isso foi o que manteve a banda viva, apesar da pausa”, aponta o músico. “Eu diria que o carinho que estamos recebendo agora está sendo até mais especial do que recebíamos antes. O fator de matar a saudade torna tudo ainda mais especial”, avalia.

Segundo ele, são relatos de fãs que pegaram mais de 20h de estrada, ou até mesmo vieram da Europa e do Egito para os shows. “Ouvimos muitas histórias, tanto de quem nunca havia ido em um show nosso, como de quem estava morrendo de saudades de nos ver ao vivo”, compartilha o integrante. “Tem um camarada que sempre estava em todos os nossos shows no Rio, e quando eu o vi ali, na primeira fileira do nosso primeiro show de volta, eu fiquei emocionado”, acrescenta. O pontapé inicial da turnê foi no início deste mês, em Florianópolis, Santa Catarina.

Por isso, os integrantes enxergam os admiradores como parte viva e ativa da banda. “Precisamos nos dar conta que é uma grande ilusão acreditar que nós somos seres individualizados e que não estamos conectados nesse todo. Não por acaso, essa turnê se chama Nós. Nós não é de nós, os quatro integrantes. Nós é de todo mundo, nós tudo”, detalha.

Viagem ao passado

Nos shows, a banda leva o público a uma viagem direto para os anos 2000. O repertório abrange desde músicas do primeiro EP da banda, em 2002, até faixas do último lançamento do grupo, em 2014. “A gente pensou justamente em passar por todas as fases do Forfun, mas entendemos que tem um certo saudosismo em relação às nossas músicas mais antigas. A gente procurou alimentar esse saudosismo da galera, mas também o nosso”, conta Nícolas.

São músicas escritas há no mínimo 10 anos, mas que ainda ressoam no tempo presente e geram identificação com os ouvintes. Para os integrantes, no entanto, a relação com as faixas vai além das letras e melodias. “A fase do Polisenso (segundo disco do grupo) eu curto muito, por exemplo. Naquela fase, nós estávamos com uma liga emocional muito forte. A gente estava muito conectado”, afirma o baterista.

Nícolas lembra que, na época, os quatro alugaram uma casa no bairro de Botafogo e dedicavam todos os dias à composição do projeto. “Foi um processo de composição muito íntimo e de muita cumplicidade, e acho que esse álbum traduz muito todo esse espírito que a gente estava naquele momento”, relata. O trabalho deu origem a algumas das músicas de maior sucesso do Forfun, como Sol ou chuva.

Para o baterista, a grande diferença entre o passado e o presente é a evolução pessoal dos quatro integrantes, que se reflete em cima dos palcos. “A gente, sim, evoluiu alguma coisa como músicos, mas principalmente, e sem falsa modéstia, como pessoas. O tempo é o melhor professor e a faculdade da vida é a melhor instituição de ensino. A gente acabou evoluindo e tendo outras perspectivas sobre o que realmente importa, como o fato de que realmente precisamos dar valor e aproveitar cada segundo da vida”, declara. “Cada segundo importa”, finaliza.

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