Planta abundante no Acre produz fibra capaz de substituir plástico industrial; confira

Planta é abundante na região de Tarauacá, interior do Acre, conhecida também como um lugar único no mundo que produz abacaxis gigantes com até 15 quilos

Uma planta típica da Amazônia, conhecida entre a população local como curauá, de nome científico Ananás erectifoliu, abundante no Acre, principalmente na região de Tarauacá, é a grande esperança do movimento ambiental internacional para por fim a um tipo de poluição que mais ameaça a vida animal e humana no planeta.

Trata-se da poluição por lixo plástico – sacos, sacolas de supermercados garrafas pet e tampinhas – , material produzido a partir do petróleo e que pode ser substituído pelas fibras da plantinha eu, aliás, é abundante na região de Tarauacá, onde é conhecida também como abacaxi do tipo anão ou ananá. O município acreano é conhecido, até internacionalmente, como lugar único no mundo capaz de produzir abacaxis considerados gigantes, algns, os maiores, com até 15 quilos.

A fibra mostra-se promissora para substituir plásticos petroquímicos e impulsionar a economia sustentável. A descoberta da planta amazônica mostra, mais uma vez, que a Amazônia é uma fonte esgotável de inovação e sustentabilidade, capaz de impulsionar a economia através do uso de matérias-primas naturais e renováveis.

Pesquisas iniciais conduzidas pelo Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) em Manaus (AM) têm demonstrado o enorme potencial da planta possui uma fibra extremamente resistente e elástica, que pode substituir o polietileno e a fibra de vidro em diversas aplicações industriais. O projeto já está em fase piloto, envolvendo agricultores familiares que recebem mudas e capacitação para o cultivo e produção da fibra.

Ananás erectifoliu/Foto: Reprodução

“Nossa ideia é o desenvolvimento das cadeias produtivas e levar desenvolvimento, renda e um apelo social e ambiental para o interior do nosso estado. Já tem até patentes com coletes balísticos, vigas para edifícios, antiterremoto, tudo por conta da grande elasticidade e resistência dessa fibra”, destaca a Simone da Silva, pesquisadora e gerente da Unidade de Tecnologia Vegetal do CBA.

Os estudos mostram que a planta é particularmente adequada às condições amazônicas, preferindo solos não encharcados e de baixa fertilidade. Além disso, o plantio não exige derrubada ou uso de fogo, podendo ser integrado a sistemas agroflorestais junto com outras culturas locais, como açaí, macaxeira e maracujá.

O curauá não só apresenta vantagens ambientais, mas também é uma opção viável economicamente. A fibra do curauá é competitiva com outras fibras naturais como juta e malva, que são importadas de Bangladesh. O beneficiamento pode ser realizado pelos próprios produtores utilizando máquinas adaptadas para a fibra de curauá, agregando valor ao produto final.

“O beneficiamento dessa planta da Amazônia também é simples e pode ser feito pelo próprio produtor por meio de um equipamento que beneficia o sisal e já existe no mercado, adaptado para o tamanho da fibra do curauá. A máquina é segura e não representa risco de acidentes no manuseio”, afirma a pesquisadora.

“É uma espécie nativa da Amazônia que é pouco difundida e tem bastante interesse comercial. A fibra é a opção natural com maior resistência mecânica que se conhece hoje, de acordo com os nossos resultados de pesquisa”, disse o diretor de Operações do CBA, Caio Perecin.

O projeto já está em fase piloto, envolvendo agricultores familiares que recebem mudas e capacitação para o cultivo e produção da fibra/Foto: Reprodução

A fibra de curauá é apenas um exemplo do potencial da biodiversidade amazônica. Diversas startups e empresas estão desenvolvendo produtos inovadores, como medicamentos e cosméticos derivados de ingredientes naturais, além de materiais sustentáveis que estão revolucionando práticas industriais tradicionais. Esses esforços são impulsionados pelo Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) da SUFRAMA (Superintendência de Desenvolvimento da Zoa Franca de Manaus) e coordenado pelo IDESAM com verbas de P&D (Lei de Informática) do Polo Industrial de Manaus (PIM). Esses órgãos entendem que, para consolidar a Amazônia como um hub de bioeconomia, é crucial investir em infraestrutura de pesquisa avançada e criar um ambiente regulatório facilitador. Isso inclui políticas que incentivem a colaboração entre setor público e privado e a implementação de incentivos fiscais para empresas que investem em tecnologias sustentáveis.

Pesquisas com o curauá (Ananás erectifoliu), uma bromélia nativa da Amazônia, estão revelando um grande potencial para substituir o plástico petroquímico. O Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) em Manaus lidera este projeto-piloto com produtores da agricultura familiar.

A fibra do curauá, resistente e elástica, já tem aplicações em coletes balísticos, vigas antiterremoto e outros produtos, despertando o interesse da indústria para substituir o polietileno petroquímico e a fibra de vidro. Através de um acordo de cooperação, o CBA fornece mudas, capacita os produtores e conecta com empresas para a produção de bioplástico. O beneficiamento da fibra é simples e pode ser feito pelo próprio produtor com máquinas adaptadas, maximizando o valor agregado.

O curauá, adequado ao clima e solo da região, é ideal para manejo sustentável, crescendo bem em sombra e junto a outras espécies. “Vai ao encontro da nossa ideia de sistemas agroflorestais, permitindo ao produtor cultivar outras vocações naturais”, explica Simone.

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