No Acre, padre apontado como exorcista nega boatos e diz que não admite a prática

Padre Asfury é formado em teologia e exerce o sacerdócio há 34 anos no Acre

No mesmo dia que se celebra a festa de São João Maria Vianney, padroeiro de todos os sacerdotes, é celebrado o “Dia do Sacerdote”. Neste domingo (04), para relembrar e homenagear os sacerdotes de Rio Branco, o ContilNet entrevista o Padre Asfury, conhecido por seu carisma e rumores sobre ser o único exorcista do Acre.

Padre Asfury/Foto: Cedida

Leoncio José Asfury, de 75 anos, é padre e parapsicólogo em Rio Branco, Acre. Ele se descreve como um “jovem dinossauro”. Nascido em 1949, sua relação com a igreja começou desde cedo, frequentando a Cruzada Eucarística, um grupo de catequese para crianças e adolescentes. Foi lá que ele descobriu sua vocação para o sacerdócio.

Aos 17 anos, Leôncio se mudou para Rio Branco com a esperança de seguir sua vocação, mas enfrentou dificuldades financeiras. 

“A gente vivia como família. Não tinha como manter uma pessoa no seminário, porque ter alguém no seminário significa algumas despesas. O seminário não pode arcar com todas as despesas, especialmente quando há um grupo grande de seminaristas, e precisa contar com o apoio e a colaboração dos familiares ou de instituições”, explica. 

Mesmo assim, manteve a ideia viva e, em 1966, conheceu as comunidades de base, que fortaleceram sua determinação.

Em 1971, após a morte de Dom Giocondo em um desastre aéreo, Dom Moacyr foi nomeado Bispo de Rio Branco. Conversando com Dom Moacyr, Leôncio fez uma experiência no seminário, apoiado por uma freira da Itália. Depois de concluir seus estudos científicos em Santa Catarina, ele se mudou para Recife em 1974 para estudar teologia e filosofia por cinco anos.

Retornando a Rio Branco em 1979, Leôncio trabalhou na comunicação da diocese, participando de programas de rádio e boletins diocesanos. Em dezembro de 1980, foi ordenado diácono transitório, e em julho de 1981, tornou-se padre. “Estou há 34 anos como padre”, afirma.

Biblioteca do Centro Latino-Americano de Parapsicologia, onde o padre estudou/Foto: Reprodução

Para ele, a decisão de abrir mão de uma família para se dedicar à vida religiosa foi fundamental. 

“Eu não tinha nenhuma experiência de família, de esposa e filho, claro. A que eu tive era aquela com meu pai, minha mãe, meus irmãos, uma família muito grande, uma família de 17 irmãos. Em três partos, minha mãe teve sete filhos porque ela teve um parto de gêmeos, outro de gêmeos e um de trigêmeos. Eu sou dessa barrigada de três. Dos 17 irmãos, se tornaram adultos, 10”, conta.

Durante 11 anos, Leôncio assumiu a paróquia Cristo Ressuscitado, enfrentando desafios de espiritualidade e religiosidade. Buscando entender melhor os fenômenos atribuídos ao sobrenatural, decidiu estudar parapsicologia em São Paulo com o Padre Quevedo, no Centro Latino-Americano de Parapsicologia. 

“É a ciência que estuda os fenômenos normalmente atribuídos a Deus, aos demônios, aos anjos, aos santos, a Satanás, a gnomos, ou fadas, a espíritos de mortos. Esses fenômenos podem ser resultado das faculdades humanas. Graças a Deus, neste campo, temos colaborado muito e acompanhado muitas pessoas”, explica.

Sempre houveram rumores de que Leoncio seria um exorcista, algo que ele desmente categoricamente. 

Padre afirma que a parapsicologia não admite o exorcismo/Foto: Reprodução

“Eu não faço exorcismo nenhum. De forma alguma temer, porque onde eu me formei, com o Padre Quevedo, não se admite isso. Se eu admitir o exorcismo, o que estou fazendo é admitindo que essa pessoa está possessa de algo do além ou sei lá de onde. Eu não posso admitir isso. O meu trabalho é pé no chão, é tornar a pessoa consciente do que ela está fazendo e por que está fazendo aquilo”, esclarece. 

Seu trabalho é ajudar as pessoas a entenderem seus próprios comportamentos e problemas de uma perspectiva humana e científica. Ele sempre realiza essas conversas na presença de familiares e amigos para garantir que todos compreendam o processo.

Leôncio é apaixonado pelo Acre e não se vê vivendo em outro lugar. 

“Eu não viveria tão bem em outro lugar, como eu vivo no Acre”, diz. Em seus 43 anos de sacerdócio, ele assumiu várias paróquias e tentou ser útil à comunidade, apesar dos desafios.

Atualmente, Leôncio exerce a função de Vigário Geral, mas com 75 anos já pode se tornar padre emérito. Mesmo assim, ele continua colaborando com a igreja devido à grande necessidade de padres. “A necessidade é tão grande que a gente termina esticando esse prazo”, conclui.

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