O Brasil vive, atualmente, uma das suas maiores crises ambientais, e o Acre, um dos estados mais afetados, está no centro dessa devastação. As queimadas e a seca severa não são apenas números ou manchetes em jornais; são ameaças reais que destroem florestas, matam rios, causam sofrimento humano e acendem um alerta vermelho para a emergência climática no país. Porém, não estamos vendo as autoridades agirem com firmeza contra os criminosos que ameaçam a existência da nossa Amazônia e do nosso planeta.
Historicamente, o Acre sempre foi conhecido por sua imensa biodiversidade, pela preservação da Floresta Amazônica e por movimentos de resistência ambiental, como o legado de Chico Mendes.
No entanto, nos últimos anos, o estado tem visto sua floresta, outrora exuberante, ser consumida por incêndios cada vez mais intensos e frequentes. Entre agosto e setembro, os focos de queimadas aumentam drasticamente, resultado de práticas de desmatamento ilegal, expansão agropecuária descontrolada e, claro, o impacto devastador das mudanças climáticas.
Em 2023, o Acre registrou números alarmantes de queimadas, ultrapassando a média histórica. Cidades como Rio Branco, Sena Madureira e Feijó (município que mais devastou e queimou) ficaram envoltas em densa fumaça, prejudicando a saúde da população, fechando escolas e agravando doenças respiratórias.
Além disso, as queimadas destroem a fauna e flora local, colocando espécies em risco de extinção e alterando ecossistemas inteiros. O ar irrespirável torna-se uma condenação diária para os moradores, especialmente para crianças e idosos, que sofrem as piores consequências.
A seca que assola o Brasil em 2023 é outra face da mesma moeda: a crise ambiental. No Acre, os efeitos da estiagem são visíveis em rios que secam a uma velocidade assustadora, prejudicando o abastecimento de água e a pesca, uma atividade fundamental para as populações ribeirinhas.
O rio Acre e outros da região Norte, que abastece milhares de pessoas, viram seus níveis de água chegarem a níveis críticos, expondo bancos de areia e dificultando a navegação.
Os impactos dessa seca severa também atingem a produção agrícola, levando à perda de lavouras e colocando em risco a segurança alimentar de milhares de famílias que dependem da agricultura de subsistência.
A pecuária, setor importante para a economia do estado, também sofre com a falta de pastagem e água para os rebanhos. E isso não é apenas um problema regional; afeta toda a economia do Brasil.
A falta de chuvas e o calor extremo são consequências diretas das mudanças climáticas, agravadas pela destruição das florestas e pela emissão descontrolada de gases de efeito estufa.
O ciclo é cruel: quanto mais desmatamento e queimadas, mais calor e seca. É um processo de autodestruição que estamos presenciando e, pior, contribuindo para acelerar o fim não somente da Amazônia, mas do nosso planeta.
Enquanto o Acre queima e o Brasil seca, a resposta governamental tem sido insuficiente e, em muitos casos, negligente. No cenário nacional, falta uma política climática robusta e comprometida, capaz de enfrentar a crise com a seriedade que a situação exige.
As ações de fiscalização, por exemplo, são esporádicas e, em muitos casos, ineficazes diante do poder econômico e político das grandes indústrias do agronegócio, que promovem o desmatamento ilegal.
O Fundo Amazônia, que financia projetos de preservação e combate às queimadas, sofreu cortes significativos nos últimos anos, e o enfraquecimento de instituições como o IBAMA e o ICMBio tem tornado ainda mais difícil o combate aos crimes ambientais. O desmonte dessas instituições reflete a ausência de uma visão de longo prazo para o meio ambiente no Brasil.
A situação atual do Acre e de outras regiões do Brasil deveria servir como um grito de alerta. Não estamos mais apenas lidando com problemas sazonais.
Estamos no limiar de uma catástrofe ambiental de proporções incalculáveis. As queimadas e a seca não afetam apenas a flora e a fauna; são questões que impactam diretamente a vida de milhões de brasileiros, que dependem da floresta, dos rios e do clima equilibrado para sobreviver.
O futuro do Acre, da Amazônia e do Brasil está em jogo. A preservação das florestas e o combate às queimadas precisam ser tratados como prioridade máxima, tanto em nível local quanto nacional.
É urgente a implementação de políticas climáticas sérias e sustentáveis, o fortalecimento das agências de fiscalização e o combate às atividades criminosas que destroem o meio ambiente. O tempo para agir é agora, antes que seja tarde demais. Se não fizermos isso, estaremos condenando não apenas as gerações futuras, mas também a nós mesmos.
As queimadas e a seca no Acre e no Brasil são sintomas de uma crise ambiental que exige respostas rápidas e eficientes. Não é mais uma questão apenas ecológica; é uma crise humanitária, de saúde pública e de sobrevivência. O Brasil precisa despertar para a realidade e agir de forma decisiva para preservar o que resta da sua maior riqueza: a Amazônia.