Mailza Assis é natural de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul, e mãe de três filhos. Foi ex-secretária de Assistência Social e de Administração no município de Senador Guiomard. Sua trajetória política ganhou destaque em 2014, quando foi eleita primeira suplente na chapa de Gladson Cameli (PP), que concorria à única vaga do estado no Senado Federal.
Em 2018, quando Cameli deixou o cargo para disputar o governo do estado, Mailza assumiu a cadeira no Senado em 2019, onde permaneceu por quatro anos. Durante esse período, ela também presidiu o Progressistas a nível estadual e atuou como líder da bancada do partido no Senado.
Em 2022, Mailza foi convidada por Gladson Cameli a integrar a chapa de reeleição ao governo do Acre, ocupando a vaga anteriormente preenchida por Major Rocha.
Em uma entrevista exclusiva para a coluna, Mailza compartilhou suas perspectivas sobre o seu futuro político e sua experiência na Secretaria Estadual de Assistência Social e Direitos Humanos.
CONFIRA A ENTREVISTA NA ÍNTEGRA:
Governadora, a senhora é candidata ao governo em 2026? Existe alguma possibilidade de disputar outro cargo que não seja o governo?
Minha candidatura é, basicamente, natural, né? Eu só posso ser candidata à reeleição ao governo. Para disputar outro cargo, eu teria que renunciar e me afastar do governo, e não vou fazer isso. A única candidatura que posso propor é a de reeleição ao governo. Não vou renunciar ao meu cargo, até porque o governador vai renunciar. Se ele não fosse sair, talvez eu pudesse considerar, mas como ele provavelmente será candidato ao Senado, eu preciso seguir conduzindo os trabalhos e reforçando o nosso grupo político.
O governador Gladson Cameli, em seus discursos, sempre lhe elogia e destaca que a senhora esteve ao lado dele nos momentos mais difíceis. Como avalia sua relação com o governador?
Nossa relação tem sido muito boa. Desde quando entrei no Progressistas e fui candidata a suplente na chapa dele ao Senado, sempre tivemos uma convivência harmoniosa. Sempre que nos reunimos, nossas conversas e planejamentos são amigáveis e produtivos. Temos interesses comuns, tanto na política quanto nas questões de estado, e nossa parceria tem funcionado muito bem, graças a Deus, sem divergências significativas.
Como se deu o convite para a senhora assumir a pasta da Assistência Social, considerando que já havia uma continuidade com três gestores indicados por você?
Desde o início, quando a secretaria ficou sob minha indicação, meu desejo — e o do governador — era que eu assumisse a pasta. Mas, naquele momento, como eu estava chegando no governo e tinha muitas agendas como vice-governadora, achei que seria difícil assumir uma pasta que demanda tanto. Então, preferi indicar uma pessoa e continuar no governo, o que foi positivo, pois pude conhecer melhor o estado e cumprir agendas que o governador não pôde. Só mais tarde, com o tempo e diante das necessidades da secretaria, decidi assumir a Assistência Social para contribuir de forma mais direta, especialmente com as ações que me identifico e os recursos que aloquei para a área social. A secretaria tem avançado bastante, mesmo com poucos recursos e muitas demandas, e estou muito feliz de poder contribuir, embora precise conciliar com minhas outras responsabilidades.
A escolha da sua secretária adjunta foi pessoal ou resultado de conversas com parceiros e indicações?
Foi uma escolha pessoal no sentido de pessoa. Eu queria uma mulher e já tinha uma boa relação com a Amanda. Além disso, houve conversas com o União Brasil, que estava se aproximando para fazer parte do governo. Eles ofereceram alguns nomes, e eu escolhi a Amanda por ser mulher e por já termos uma relação de confiança.
Como a senhora avalia os rumores de que o prefeito Tião Bocalom, caso reeleito, possa se candidatar ao governo, especialmente considerando o seu apoio a ele neste momento?
Na política, todos têm seus sonhos e expectativas de crescimento, e é natural que um prefeito da capital aspire ao governo. No entanto, dentro do projeto político em que estamos, é fundamental que isso seja pensado de forma coletiva. Acredito que o apoio do governo fará a diferença nas eleições e espero que haja coerência por parte dos partidos e candidatos em relação ao nosso projeto, que é coletivo e não individualista. Com o afastamento do governador Gladson para concorrer ao Senado, como sou a candidata natural ao governo nesse projeto, espero contar com o apoio do prefeito Bocalom. Apoiei o prefeito Bocalom no passado, garantindo a candidatura dele dentro do partido, e agora estou apoiando novamente, junto com o governador. Assim, é natural que ele reconheça o esforço que fizemos em 2020 e que continuamos a fazer em 2024.
É verdade que houve uma oferta para a senhora assumir uma cadeira no TCE, como comentado por alguns jornalistas?
Até o momento, não recebi nenhuma oferta nesse sentido, mas é sabido que opositores teriam sondado a existência dessa possível vaga no Tribunal de Contas do Estado.
Sabemos que a presença feminina na política pode gerar desconforto. Como a senhora enfrenta e lida com os comentários machistas?
É uma realidade que a presença feminina na política ainda é vista com certa resistência. Culturamente, existe essa predominância masculina, mas as mulheres têm conquistado seu espaço. No Senado, por exemplo, montamos uma bancada feminina, e fui muito bem acolhida. Embora sejamos poucas — éramos 12 entre 81 senadores —, avançamos bastante. Claro, em alguns momentos há atropelamentos, mas acredito que isso vem da cultura de que o homem precisa estar à frente. No entanto, nós, mulheres, temos mostrado que podemos administrar, fazer política e desempenhar papéis de liderança tão bem quanto os homens. No meu mandato, por exemplo, consegui trazer 570 milhões em recursos para o estado, o que é um resultado expressivo.
A senhora acredita que, conforme foi conquistando mais espaço na política, os ataques machistas aumentaram? Por que acha que isso incomoda tanto?
Sim, os ataques aumentam à medida que você se destaca na política, e sinto que isso é ainda mais intenso para as mulheres. Durante meu tempo como senadora, enfrentei muitos desafios, como a pandemia, a gravidez e uma campanha eleitoral, tudo em apenas quatro anos. Mesmo assim, mantive meu mandato ativo e trouxe resultados para o estado. Na vice-governadoria, também enfrentei ataques, inclusive de pessoas do meu próprio partido, mas estive sempre ao lado do governador Gladson, contribuindo para o equilíbrio da gestão. O que incomoda é a resistência à presença feminina em espaços tradicionalmente masculinos, mas acredito que tenho provado que isso é possível por meio do meu trabalho.
A senhora manteve sua candidatura ao Senado em 2022 até o fim, mas depois aceitou ser vice na chapa do governador Gladson. Acha que, se não tivesse mantido sua convicção de concorrer ao Senado, poderia ter sido “rifada” ou seu destino seria outro?
Com certeza, é preciso sabedoria, resiliência e diálogo constante. Eu tive várias oportunidades de reagir de forma diferente, mas escolhi seguir meus princípios, sem escândalos ou exposição desnecessária. Mantive uma relação de paz com meu partido, o Senado e a política. Meu trabalho, tanto em Brasília quanto no estado, me garantiu a legitimidade de ser candidata. E, ao final, o convite para ser vice veio de forma natural, mas não abri mão da minha missão de continuar fazendo política de forma ética e comprometida.
Tenho notado que a senhora menciona bastante o “grupo” nas suas falas, sempre destacando sua importância. A senhora espera que esse mesmo grupo, que atualmente apoia a reeleição do prefeito Tião Bocalom, esteja igualmente empenhado na sua candidatura em 2026? O que a senhora espera desse grupo nesse contexto?
Com certeza. Ninguém faz nada sozinho na política. As campanhas e os partidos são estruturados dessa forma. Eu acredito na coletividade, na importância de todos — desde o vereador até o governador — trabalharem juntos. Espero contar com o apoio do prefeito Tião Bocalom. Em 2020, ele e seu grupo sabem do meu papel fundamental para que ele esteja concorrendo à reeleição hoje. Em 2026, desejo o apoio dele e do seu grupo. Vale lembrar que parte da minha equipe está diretamente envolvida na coordenação da campanha dele. Se ele tiver a intenção de buscar outro cargo, é importante que reconheça que sou a candidata natural ao governo, assim como outros membros do partido Progressistas. O poder e as decisões precisam ser compartilhados para que possamos beneficiar a todos, e não apenas a um projeto individual.
Recentemente, surgiram notícias sobre mudanças na sua equipe. Quais foram os principais fatores que motivaram essas saídas?
As mudanças na equipe foram naturais. Todos buscam crescimento e novas oportunidades. Essas saídas aconteceram por vontade própria dos integrantes, talvez devido a outras propostas que receberam. Eu estava satisfeita com minha equipe, mas as mudanças acontecem em qualquer ambiente de trabalho. Já recompus a equipe e seguimos em frente.
O que podemos esperar da Mailza Assis como governadora do estado do Acre?
Desejo dar continuidade ao excelente trabalho do nosso governador Gladson Cameli, que se destaca por seu compromisso em cuidar das pessoas. Assim como ele, acredito na importância da sensibilidade e da empatia. Meu maior objetivo é proporcionar ao povo acreano uma vida mais digna, com prosperidade, igualdade e desenvolvimento. Pretendo focar na juventude e nas mulheres, enfrentando questões como violência e desemprego, além de explorar de forma responsável as riquezas naturais do nosso estado. Meu compromisso é seguir os projetos em andamento e implementar inovações que melhorem a vida da população, sempre com uma abordagem humana e sensível.
A senhora gostaria de fazer algumas considerações finais ou acrescentar algo que não foi abordado?
Agradeço a oportunidade de estar aqui e reafirmo meu compromisso com a população, com meu partido e com o grupo político que faço parte. Tudo que conquistei foi fruto de muito trabalho e dedicação, e acredito que a política é o caminho para fazer a diferença. Se não for para continuar fazendo o bem para o povo do Acre, então não mereço estar na política.
MICHELLE BOLSONARO NO ACRE
Nesta sexta-feira (27), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e a presidente nacional do Progressistas Mulher, Celina Leão, chegarão ao Acre para participar de um grande comício em frente ao Palácio Rio Branco. A vice-governadora Mailza Assis, que será responsável por recepcioná-las, destacou a importância da visita para fortalecer a campanha do prefeito Tião Bocalom (PL).
Michelle e Celina desembarcarão pela manhã, almoçarão na casa da vice-governadora e participarão de gravações antes de seguir para o evento. Michelle Bolsonaro passará a noite em Rio Branco e partirá no sábado (28).
Mailza acredita que a presença de Michelle no Acre dará um impulso à campanha de Bocalom, que enfrenta uma acirrada disputa com Marcus Alexandre (MDB) nas últimas pesquisas, reforçando os votos da direita nessa reta final.