O que é “constrangimento ético” defendido por Marina Silva para combater negacionismo climático

Essa estratégia de constrangimento ético é uma tentativa de expor publicamente as falhas e omissões daqueles que, conscientemente, impedem o avanço das medidas necessárias para mitigar os impactos ambientais

A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, fez um apelo contundente nesta segunda-feira (30), ao defender que governos e empresas sejam eticamente constrangidos para avançar na luta contra as mudanças climáticas.

O conceito de “constrangimento climático” proposto pela ministra surge como uma resposta direta aos negacionistas e à inércia global no combate à crise climática.

Durante o seminário realizado no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, Marina deixou claro que o debate sobre a crise ambiental precisa ser tratado com senso de urgência, especialmente diante do agravamento das consequências para o planeta.

O constrangimento climático mira diretamente aqueles que resistem em reconhecer a gravidade da crise climática, incluindo governos, corporações e líderes que se opõem ou ignoram as evidências científicas/Foto: Reprodução

“Vamos fazer um balanço geral ético, para verificar quais são as propostas, as ideias e as práticas que sejam éticas para manter saudável o sistema climático”, afirmou.

Constrangimento ético contra a inação

O constrangimento climático defendido por Marina Silva mira diretamente aqueles que resistem em reconhecer a gravidade da crise climática, incluindo governos, corporações e líderes que se opõem ou ignoram as evidências científicas. Para a ministra, a pressão deve ir além da esfera política e envolver todos os setores da sociedade, desde artistas e acadêmicos até empresários, jovens, povos tradicionais e mulheres, em um movimento ético e inclusivo para responsabilizar quem ainda permanece alheio à necessidade de mudança.

Essa estratégia de constrangimento ético é uma tentativa de expor publicamente as falhas e omissões daqueles que, conscientemente, impedem o avanço das medidas necessárias para mitigar os impactos ambientais. Para Marina, esse processo de responsabilização pública pode criar a pressão social necessária para que a transição climática justa se concretize.

A luta contra os negacionistas climáticos

Nos últimos anos, a luta contra o negacionismo climático se intensificou, com cientistas, ativistas e governos progressistas tentando superar barreiras impostas por quem insiste em desacreditar os dados sobre a crise ambiental. A estratégia de Marina Silva é usar o constrangimento público para combater essa resistência. A ideia é clara: governos e empresas que se recusam a tomar medidas drásticas para reduzir as emissões de carbono e proteger o meio ambiente devem ser publicamente cobrados e expostos por suas inações.

Marina quer transformar o debate climático em uma questão de ética, desafiando os negacionistas a lidar com as consequências sociais, econômicas e ecológicas de suas posições. Em um contexto global onde a inércia muitas vezes é justificada por interesses políticos e financeiros, essa abordagem busca promover uma transformação radical nas práticas empresariais e nas políticas públicas.

Oportunidades globais de pressão climática

Com a cúpula do G20 marcada para novembro, no Rio de Janeiro, sob a presidência do Brasil, Marina Silva vê a oportunidade perfeita para trazer o tema do “constrangimento climático” ao cenário global. Ela destacou a importância de dialogar sobre finanças sustentáveis e a criação de um sistema de taxação dos super-ricos, direcionando esses recursos para a adaptação e mitigação dos impactos climáticos. Segundo a ministra, o objetivo é ir além da mera adaptação e promover uma transformação estrutural do modelo econômico atual, que contribui para a degradação ambiental.

Marina destacou que o Brasil está buscando liderar pelo exemplo, promovendo uma agenda de finanças sustentáveis e responsabilidade ambiental, em contrapartida às posturas negacionistas que ainda prevalecem em várias partes do mundo.

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