Bocalom mostrou que sua força política continua mais viva do que nunca ao conseguir se reeleger com mais de 54% dos votos no primeiro turno das eleições de 2024, mas precisa entender—e acredito que tenha essa noção—o que vai enfrentar nos próximos quatro anos nessa relação de dor e delícia com a Câmara Municipal de Rio Branco.
Mesmo conseguindo eleger uma base forte, com o PP (partido de seu vice e do governador Gladson Cameli) emplacando 6 nomes, e o Partido Liberal e o União Brasil outros 6—além de mais quatro novos parlamentares do PSDB, Podemos e Solidariedade, que também estavam na frente ampla da direita acreana—Bocalom deve enfrentar uma oposição difícil e mais qualificada na Câmara.
Quando a oposição faz seu papel com afinco e debate de ponta, o número de vereadores não é o que importa para o prefeito, mas o preparo por parte dos parlamentares da base. Um exemplo disso é a derrota do vereador João Marcos Luz, que mais usou a tribuna para provocar pânico moral nas pessoas do que para defender a Prefeitura. A conta veio amarga e com juros.
PP fez 6, mas Bocalom terá 5
Não adianta contar com Elzinha Mendonça. A vereadora que fez um mandato com grandes proposições na Câmara Municipal se reelegeu pelo PP, mas continuará com sua postura crítica e de oposição ao prefeito; é o que se comenta nos bastidores. Foi assim desde a convenção de lançamento da sua candidatura à reeleição até o resultado das urnas.
Joabe Lira
Se Bocalom quer um aliado na Câmara, o nome certo é Joabe Lira. Assertivo, o secretário de Cuidados com a Cidade mostrou lealdade ao prefeito em todos esses anos, sabe fazer articulação e pode ajudar a tornar mais agradável a relação entre o Executivo e o Legislativo.
Oposição
André Kamai, o nome que trouxe o PT de volta à Câmara, será, certamente, o cabeça da oposição a Bocalom. Intelectual e um exímio comunicador, Kamai pode mostrar o que disse no início da coluna: qualidade é mais importante do que quantidade, especialmente no parlamento.
MDB do Marcus
O partido do adversário de Bocalom—o ex-prefeito Marcus Alexandre—conseguiu eleger 3 vereadores: Fábio Araújo, Éber Machado e Neném Almeida. Os dois últimos são ex-deputados experientes, e Fábio conseguiu reeleição, sabendo muito bem como funciona a Câmara.
Republicanos
A sigla que estava no palanque de Bocalom e Marcus, simultaneamente, com Antônia Lúcia apoiando o atual prefeito e Roberto Duarte com o emedebista, emplacou o advogado Zé Lopes. Nas cenas dos próximos capítulos, vamos entender qual será a postura do vereador.
Por outro lado
Se Bocalom terá uma oposição mais dura no parlamento, por outro lado, os nomes de sua base também têm experiência com o debate. Samir Bestene, Antônio Morais e Raimundo Neném parecem ter feito bem a lição de casa na legislatura passada, mas os próximos meses dirão como vai se desenrolar essa questão que, para o bem do povo rio-branquense, não pode virar uma novela mexicana.
Sem histrionismos
É preciso tornar a Câmara o que ela deve ser de fato: o lugar do debate, das proposições, da fiscalização e da luta pelos interesses da população. Chega de pânico moral e inconstitucionalidades. O parlamento não é palco de histrionismos e palhaçadas, nem o púlpito de igrejas, mas o lugar de decisões importantes que afetam diretamente a vida das pessoas.
Acerto
Voltando ao assunto Bocalom, o prefeito acertou ao trazer Joabe de volta à Secretaria de Cuidados com a Cidade, pelo menos até o fim do ano. Joabe fez um bom trabalho, especialmente durante as enchentes.
Falcão
Bocalom também fez um gol ao colocar o Coronel Falcão à frente da Defesa Civil. Num momento de crises climáticas sem precedentes, é importante ter à frente da pasta que cuida diretamente dessas questões um gestor com capacidade técnica, preparo e boa vontade.