Tião Maia: a reeleição de Zequinha e os Três Patetas de Cruzeiro do Sul

Jornalista questiona rapazes que se arvoram responsáveis por reeleição do prefeito na segunda maior cidade do Acre

Três jovens de Cruzeiro do Sul – Rafael Sanson, Paulo Sá e um certo Mateus Lima – vêm utilizando a imprensa local para se arvorarem como os responsáveis pela vitória do prefeito Zequinha Lima, do PP, sobre a candidata do MDB, Jéssica Sales, filha do cacique local Vagner Sales, talvez um dos últimos coronéis de barranco da política acreana. Isso explica a disputa acirrada, vencida pelo reeleito por pouco mais de 170 votos.

Digo que é uma parada dura de engolir a gabolice desses rapazes.

Paulo Sá, Raphael Sanson e Mateus Lima/Foto: Reprodução

Não me arbitro a comentar o assunto porque conheço bem Cruzeiro do Sul e os três rapazes que se jactam de super-heróis. No papel de articuladores da política, têm apenas o papel de terem sido coadjuvantes, para não chamá-los de Os Três Patetas. Enquanto os rapazinhos sem votos e recheados a pena de estofo se jactam de super-heróis em relação à magra vitória de Zequinha Lima, ao vencer uma eleição sobre uma candidata cheia de méritos próprios e acreditada, além de integrante de uma família tradicional e forte na política local, pode ser creditada a muitas mãos, além dos três votos daqueles rapazes. Zequinha Lima foi reeleito graças, sobretudo, ao empenho do governador Gladson Cameli, dos senadores Márcio Bittar e Alan Rick, dos deputados estaduais Clodoaldo, Nicolau Júnior e Luiz Gonzaga, Jonathan Donadoni e também das forças políticas locais que confiaram em Zequinha.

Não há, portanto, uma vitória isolada ali em Cruzeiro do Sul. Zequinha Lima voltou à Prefeitura às custas de muitas mãos, incluindo os três votos daqueles rapazes que, ao não atrapalharem a campanha com seus históricos anteriores, já ajudaram muito. O que os três buscam com a divulgação de que foram eles – e não o próprio Zequinha – que conseguiram mudar o perfil do prefeito nos últimos 30 dias de campanha, é apenas se cacifarem para continuar com seus carguinhos, desconhecendo que, se se candidatassem a síndicos dos condomínios, não teriam votos para encher uma cuia de tacacá. Aliás, alguns deles já se candidataram e foram sumariamente rejeitados pelas urnas.

Zequinha Lima e o governador Gladson Cameli/Foto: ContilNet

Então, não é a eles que se deve creditar a vitória de Zequinha Lima. Primeiro, a vitória foi da população de Cruzeiro do Sul, que soube compreender a mensagem do prefeito cuja agência de publicidade que o assessorou deslocou-se de Rio Branco para fazer sua campanha limpa, clara, expondo o trabalho anterior e mostrando os projetos futuros. Uma vitória buscada a suor e dedicação do governador Gladson Cameli e de seus aliados, que deram a vitória também ao prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom; ao prefeito do PP de Brasiléia, o Pelado; ao Rodrigo Damasceno em Tarauacá; e, enfim, nos 14 municípios em que os aliados se sagraram vitoriosos.

As manifestações desses rapazes, talvez fruto do arroubo de suas juventudes, são algo parecido com o caso do homem que reivindica a paternidade de uma criança cuja mãe ele não engravidou por nem sequer ter estado com a dita cuja. As manifestações dos três, se arvorando como detentores de votos que nunca tiveram, em detrimento de quem faz política e publicidade da atividade com dedicação e respeito, vão entrar para o folclore da política juraense como o caso típico de alguém que vende o que não tem e, por óbvio, não entrega.

O aprendizado disso é que os jovens têm tudo pela frente, inclusive na política, desde que tirem os saltos altos e calcem as sandálias da humildade. Do contrário, hão de continuar servindo de chacota numa cidade conhecida por seus muros baixos, onde é quase impossível guardar segredos.

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