Disseram que eu ia morrer
Torceram para eu acabar
Mas se esqueceram
Eu sou acostumado a guerrear
Parece que a estrofe da canção que impulsionou o Cruzeiro na Série B, de 2022, esteve presente em mais um passo de reconstrução do Cabuloso, como é chamado carinhosamente pela torcida. O Cruzeiro está numa final sul-americana depois de 15 anos, em um jogo digno de fase decisiva continental e em mais uma etapa de reconstrução do clube.
Foi mais um dia de glória do clube e não só por chegar à 16ª final de torneio continental. Não só por ser inédita uma vaga na final da Conmebol Sul-Americana. Vai além. Representa mais um passo da reconstrução do clube.
Claro que um título contra Racing ou Corinthians, que decidem a outra vaga nesta quinta, vai coroar ainda mais o momento. Mas só de chegar a uma decisão, o Cruzeiro já retoma o protagonismo nacional e continental adormecidos nos últimos anos.
A final da Sul-Americana é mais um degrau alcançado pelo Cruzeiro no passo pelo grande objetivo de retomar e consolidar-se como protagonista no Brasil e no continente. É um novo capítulo acrescentado ao livro da nova era do clube, após o rebaixamento de 2019, o 2020/2021 de muito sofrimento na Série B, com crises inacabáveis e resultados decepcionantes.
Esse livro da nova era mudou de página com a compra da SAF por Ronaldo Fenômeno, o acesso à Série A em 2022, o retorno às finais de Campeonato Mineiro nos dois últimos anos, a permanência na elite nacional e voltar a disputar um torneio Conmebol. Agora, com um novo capítulo com um novo investidor, torcedor do clube (Pedro Lourenço), e que tenta acelerar o processo dessa retomada de protagonismo.
Após uma janela de R$ 200 milhões e uma correção de rota na Sul-Americana, consegue chegar à final. Diniz está na terceira final sul-americana em um ano (venceu a Libertadores e a Recopa Sul-Americana com o Fluminense).
Foi com doses de sofrimento, pressão da torcida do Lanús e eficiência ofensiva que a vaga na final foi alcançada na Grande Buenos Aires. Mas o Cruzeiro soube guerrear e venceu pela primeira vez com Fernando Diniz, no jogo mais difícil que o treinador teve até agora.
Cássio defendendo cara a cara, bola na trave e outra passando perto no primeiro tempo. O Cruzeiro nem chutava a gol. O Lanús era melhor no jogo e parecia estar perto de abrir o placar. Só parecia. Em uma rápida saída, Kaio Jorge balançou as redes no fim da etapa inicial e mudou a dinâmica.
No segundo tempo, um time bastante dedicado taticamente e que poderia ter feito dois, três gols em contra-ataques, mas não soube aproveitar. A pressão do Lanús chegou e foi pesada no fim do jogo. Muita bola alçada na área, reclamação de pênaltis e chutes perigosos. Nada aconteceu.