Arthur Moreira Lima e a MPB: uma estreita relação

Falecido na quarta-feira, o pianista, um dos maiores nomes brasileiros da música clássica, também emprestou seu brilho a grandes obras do 'songbook' nacional e aos intérpretes populares do seu país

Dos pianistas clássicos brasileiros mais premiados no exterior, Arthur Moreira Lima (falecido esta quarta-feira, aos 84 anos de idade, em Florianópolis, de câncer no estômago) deixou sua marca na execução de consagradas obras dos mestres europeus. Mas não se furtou a pôr os seus dotes a serviço dos autores e intérpretes da rica música popular do seu país.

O pianista Arthur Moreira Lima e o cantor Nelson Gonçalves, em 1992

O pianista Arthur Moreira Lima e o cantor Nelson Gonçalves, em 1992 — Foto: Ricardo Chvaicer

Em 1975, ele lançou pela Marcus Pereira Discos o LP “Arthur Moreira Lima Interpreta Ernesto Nazareth”, o primeiro de seus álbuns dedicados ao pianista carioca, autor de “Brejeiro”, “Odeon” e “Apanhei-te, Cavaquinho”, entre outros clássicos do choro. A partir daí, ele se dedicou à obra de outros compositores-pianistas no entroncamento da música de concerto com o popular: Radamés Gnattali, Francisco Mignone e Heitor Villa-Lobos.

Portelense e tricolor de coração, Arthur Moreira Lima ainda criou arranjos para “Carinhoso”, de Pixinguinha, e para o “Hino do Fluminense”, de Lamartine Babo. Entre 1985 e 1986, apresentou, na extinta TV Manchete, o programa “Toque de Classe”. De casaca, o pianista recebia os grandes nomes da música clássica e também da popular, como Moreira da Silva, João Nogueira, Ney Matogrosso, Nelson Gonçalves e Milton Nascimento.

Discos na MPB, Moreira Lima gravaria vários outros: “A Grande Música de Noel Rosa (1979, com arranjos de Radamés Gnattali), “Chorando Baixinho” (1979, com o clarinetista Abel Ferreira e o grupo Época de Ouro), “Parcelada Malunga” (1980, com Elomar, Xangai e Heraldo do Monte) e “ConSertão” (1982, com Heraldo, Elomar e o clarinetista de Paulo Moura).

De novo com Paulo Moura, o violão de Raphael Rabello e a percussão de Chacal, o pianista acompanhou Ney Matogrosso no LP “Pescador de Pérolas” (1987). Em 1992, juntou-se no estúdio ao mito Nelson Gonçalves e saiu-se com o álbum “O Boêmio e o Artista” (1992). Além disso, passou a limpo clássicos do choro no álbum solo “De repente” (1985) e, em 1996, dividiu disco com um dos maiores flautistas do estilo, Altamiro Carrilho.

Em 1999, foi a vez de Arthur Moreira Lima lançar a série de CDs “MPB Piano Collection”, em que recriou canções de Chico Buarque, Dorival Caymmi, Gilberto GilTom JobimCaetano Veloso e da dupla Roberto e Erasmo Carlos.

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