Alunos da UFAC emitem nota de repúdio após crise de saúde de aluna ser negligenciada em evento de inclusão

Após crise epilética durante o 2° Fórum de Assistência Estudantil e Indígena, estudantes denunciam falta de acolhimento e comentários discriminatórios sobre a situação.

O 2° Fórum de Assistência Estudantil e Indígena da UFAC, realizado no dia 6 de novembro, tornou-se palco de um incidente que gerou indignação entre alunos e membros da universidade.

Durante o evento, que ocorreu no anfiteatro Garibaldi Brasil, uma aluna do curso de Psicologia sofreu uma crise epilética devido a uma queda de energia. Segundo os relatos de outros estudantes presentes, enquanto a aluna passava pela crise, comentários discriminatórios foram proferidos, incluindo a afirmação de que ela “não deveria ter sido levada para o evento”.

O 2° Fórum de Assistência Estudantil e Indígena da UFAC ocorreu no anfiteatro Garibaldi Brasil/Foto: Reprodução

Em uma nota de repúdio oficial, o Centro Acadêmico de Psicologia e a Psicodélica da UFAC destacaram a falta de preparo da universidade e do NAI para lidar com a inclusão real dos alunos.

A nota afirma que o comentário feito durante a crise da aluna, assim como a atitude de prosseguir com o evento como se nada tivesse ocorrido, fere os direitos dos estudantes e expõe a falha na estrutura de acolhimento da instituição.

O Fórum, que deveria ser um espaço para debater sobre acessibilidade e inclusão, supostamente ignorou as necessidades básicas de suporte para a aluna, evidenciando o despreparo da instituição e do Núcleo de Apoio à Inclusão (NAI) no gerenciamento dessas situações.

A aluna estava participando do evento de forma legítima, como qualquer outro estudante, em um evento aberto ao público e com a presença obrigatória dos bolsistas. No entanto, a universidade não demonstrou a infraestrutura necessária para acolher adequadamente os alunos com necessidades especiais, como exemplificado pelo caso da crise epilética.

A situação foi agravada pela continuidade do evento por mais de duas horas, enquanto o tema de inclusão era abordado sem qualquer menção ao ocorrido ou à necessidade de uma revisão nas práticas de acessibilidade da universidade.

A nota conclui pedindo medidas imediatas para garantir o respeito e a inclusão de todos os alunos da UFAC, repudiando qualquer forma de desrespeito e exclusão da comunidade acadêmica.

O ocorrido gerou uma ampla reação entre os estudantes, que se manifestaram com indignação sobre a falta de preparo da universidade em situações de emergência e a contínua falta de inclusão no ambiente acadêmico.

A seguir, a nota de repúdio completa:


Nota de Repúdio

O Centro Acadêmico de Psicologia e a Psicodélica vêm por meio desta nota de repúdio evidenciar o ocorrido no 2° Fórum de Assistência Estudantil da PROAES em conjunto com o NAI. No 2° fórum de assistência estudantil e indígena que ocorreu no dia 06.11 no anfiteatro Garibaldi Brasil pela parte da tarde, alunos de nosso curso foram destratados em um momento de urgência quando uma aluna passou por uma crise epilética de convulsão por conta de uma queda de energia. Nessa situação de contenção da crise foram proferidas falas de cunho excludente, como a de afirmar que a aluna “não deveria ter sido nem levada para o evento” quando na realidade o evento além de aberto ao público, se tratava justamente de falar sobre a suposta inclusão que a UFAC proporciona para a comunidade acadêmica.

Um evento que deveria proporcionar e se preparar para ter acessibilidade haja vista que a presença de todos os bolsistas era obrigatória (como bem relembrado diversas vezes nos grupos de WhatsApp e no edital das bolsas).

O que aconteceu contraria todos os princípios que o NAI, bem como a UFAC deveriam promover. Feriram, nesse comentário e no fato do evento ter continuado como se nada tivesse acontecido, falando por 2h seguidas sobre inclusão e acessibilidade, o direito dessa aluna e de todos os demais alunos dessa universidade.

Ressaltamos que a aluna estava no evento em seu direito legítimo assim como qualquer outro participante e ela não deve ter a culpabilização em uma situação da qual o lugar não está preparado para providenciar a acessibilidade.

O ocorrido expõe o despreparo da instituição e do Núcleo de Apoio à Inclusão na gestão de acolhimento às necessidades dos alunos.

Nós reforçamos que medidas imediatas devem ser tomadas e repudiamos qualquer desrespeito e exclusão da nossa comunidade acadêmica.

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