A presença do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) entre o seleto grupo de pessoas, seus familiares e amigos, que cercavam o presidente eleito dos Estados Unidos Donald Trump durante a apuração dos votos e depois como hóspede em sua casa na Flórida, virou ponto de preocupação entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
A presença de Eduardo Bolsonaro ao lado de Trump foi revelada ao ContilNet ainda na segunda-feira (4) pelo senador Márcio Bittar (UB-AC), amigo pessoal de Eduardo Bolsonaro, o chamado filho 02 do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A revelação do senador acreano foi feita para exemplificar como será a relação do presidente norte-americano com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está inelegível por decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), no qual pelo menos três ministros do STF têm assento e outros dois são do STJ (Superior Tribunal de Justiça), sobre os quais os ministros da mais alta corte de Justiça do país têm algum tipo de ascensão.
“Será que o STF vai barrar a ida aos Estados Unidos do ex-presidente como convidado de honra do presidente da maior nação do planeta?”, indagou Bittar, em entrevista ao ContilNet. “Eles passarão a ter uma relação tão estreita que, neste momento, o Eduardo Bolsonaro está ao lado de Trump, na casa dele”, revelou o senador.
A revelação da presença do filho 02 do ex-presidente junto ao staff pessoal de Donald Trump passou então a preocupar ministros do STF, segundo revelou, nesta quinta-feira, o site Metrópoles, de Brasília.
De acordo com o noticiário político do site brasiliense, os “magistrados entendem que a presença do parlamentar foi um sinal de que o clã Bolsonaro tem proximidade suficiente com Trump para pedir ao presidente dos Estados Unidos que ponha em prática retaliações a integrantes do Supremo” em função do caso de Jair Bolsonaro, que está com o passaporte retido a mando do STF e deverá ser um dos principais convidados para a posse do presidente eleito para um segundo mandato nos EUA.
Um dos problemas seria Trump fazer avançar no Congresso norte-americano, de maioria Republicana na Câmara e no Senado, projeto de lei que poderá impedir ministros do STF de entrarem nos EUA.
O argumento seria de que, ao impedir o deslocamento de Bolsonaro para o exterior, os ministros do STF feririam a liberdade de expressão, algo muito caro para o padrão dos norte-americanos. Texto nesse sentido foi apresentado por parlamentares do partido Republicano, o mesmo de Trump, em resposta ao bloqueio do X por Alexandre de Moraes no Brasil.
A proposta foi batizada como “Ato Sem Censores nas Nossas Fronteiras”. Novas ofensivas de políticos norte-americanos não deverão ser direcionadas ao STF como um todo, mas ficar concentradas em Moraes. O ministro, por sua vez, garante que a eleição nos EUA em nada mudará a sua forma de atuar na Corte.