O corpo do ex-governador Flaviano Flávio Baptista de Melo, é declarado morto no início desta tarde de quarta-feira (20), no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, será trasladado para Rio Branco (AC) na quinta-feira e deverá ser velado até sexta-feira (22). O velório deverá ocorrer no Palácio Rio Branco. E o sepultamento no jazigo da família Melo, no cemitério São João Batista, informaram amigos e familiares.
No Cemitério São João Batista estão sepultados seu pai, o ex-deputado estadual Raimundo Hermínio de Melo, e sua mãe, dona Laudi Melo. Seu irmão, o ex-deputado federal por dois mandatos, de 1982 a 1990, falecido em Brasília, foi sepultado no Distrito Federal. Sua irmã, a ex-superintendente do Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária) no Acre, Othilia Melo, passa a ser única viva dos três filhos do casal de acreanos Raimundo e Laudi Melo.
Flaviano Melo morreu aos 75 anos de idade, completados no último domingo (17), na condição de presidente regional do MDB. Ele vinha doente desde o inicio do mês de novembro. Depois de passar por internação no Hospital do Into (Instituto de Traumatologia), em Rio Branco, ele acabou sendo transferido através de avião do sistema chamado de UTI no ar para São Paulo, a fim de tratar uma pneumonia grave, no último dia 6 de novembro.
No hospital paulista, na primeira de semana, ele apresentou um quadro de melhora ao ponto de os médicos terem o extubado, quando ele voltou a falar, ainda que com dificuldade, com a esposa Luciana, e com o filho Leonardo. A melhora deixou todos coma expectativa de que ele deixaria o hospital logo.
No entanto, dois dias depois, um quadro de febre sugeriu nova infecção e os médicos voltaram entubá-lo para facilitar a retirada de material genético para novos exames para descobrir as causas e estancar a febre, o que não foi possível. Nos últimos das, surgiu um quadro de paralisia renal e problemas cardíacos, que levaram os médicos a fazerem um cateterismo. Flaviano Melo carregava sequelas de um AVC (Acidente Vascular Cerebral) em 1991, quando exercia o mandato de senador da República. Era fumante compulsivo desde a juventude.
O que dizem os amigos sobre o ex-governador acreano
Desde que sua morte foi oficialmente comunicada pelo boletim médico do Albert Einstein, a classe política acreana começou a se manifestar lamentando a perda. O primeiro a se manifestar foi o vice-presidente do diretório regional do MDB, deputado estadual Tanízio Sá, cujo nome vinha sendo ventilado pelo próprio Flaviano Melo como seu possível sucessor na presidência regional do MDB.
O deputado disse o seguinte sobre a morte de seu amigo: “Flaviano foi uma pessoa diferenciada, maravilhosa, que foi tudo que quis ser no Acre. Ele me dizia que ao Acre foi tudo o que quis foi atendido em praticamente tudo o pediu aos acreanos. O fato é que ele dedicou a vida para ajudar ao Acre e os acreanos”, disse.
Tanizio Sá também acrescentou que, como líder do partido na Aleac, lamento essa perda. Uma perda do nosso eterno presidente, o Velho Lobo, como era conhecido, mas um homem que não era perseguidor, um cara humano e amigo, que ajudou tantas pessoas mesmo os que, eu acho, não o ajudaram em sua última campanha; Mas era uma a pessoa que, para mim, deixou um legado aqui que poucas pessoas vão poder deixar. Uma saudade grande de um político passivo, do diálogo, da harmonia, um democrata e um estadista. Então, pra mim foi um grande honra estar filiado no partido dele, ser deputado estadual e dirigir o MDB ao lado dele, que foi uma honra muito grande ter vivido esse lado com ele. Sou grato pelo que ele ajudou a transformar a minha cidade de Manuel Urbano e outras cidades do Acre. O Flaviano foi uma pessoa que não deixou inimigo, só deixou amigos”.
O deputado também fez questão de manifestar agradecimento ao governador Gladson Cameli pelo que fez também ao tirá-lo do Acre através de uma UTI no ar, para leva-lo a São Paulo. “O governador não olhou a cor partidária; olhou para o cidadão, para a pessoa do Flaviano. Hoje o partido está de luto e nós também. Deus o abençoe e que esteja num bom lugar”, disse o deputado.
Pessoas sem mandato mas que conviveram com o falecido político também se manifestaram. Pedro Valério, ex-presidente do extinto PSL no Estado e ex-militante do MDB, assim se manifestou: “Que Deus te receba e te guarde para sempre no Reino do Céu, amigo Flaviano Melo. 0Você combateu um combate extraordinário e por isso teu legado atravessará gerações! Agora junto aos saudosos Raimundo Melo, José Melo e Laudi Melo estará rogando à Deus pelo nosso Acre, tenho certeza”.
De acordo com o ex-dirigente partidário, “Flaviano era remanescente de uma geração de políticos que orgulhava o Acre e o Brasil. Foi Prefeito de Rio Branco por duas vezes, Governador, Senador, Deputado Federal e findou seus dias na terra vivendo uma vida modesta, algo extremamente raro nos mundo político atual”, disse.
O jornalista e humorista Antônio Klemer, antigo militante do MDB e agora pastor da Igreja Assembleia de Deus, também veio a publico falar da perda do amigo: “A política do Acre perde uma das suas mais relevantes e autênticas imagens. O Flaviano era a personificação do MDB, um democrata que jamais perseguiu ou cerceou ninguém; também jamais falou mal de seus adversários”.
De acordo com o militante, na última campanha eleitoral, quando o candidato do MDB, Marcus Alexandre, saiu derrotado, Flaviano Melo “deu aulas de liderança e de carisma”. “O MDB está órfão, o Acre sentirá a falta do Flaviano Melo. Foi com a chegada dele que fundamos a Juventude do PMDB e as políticas municipalistas que desenvolveram o Movimento Comunitário, a modernização urbana e a busca da excelência no Serviço Público. Foi o melhor prefeito que Rio Branco teve”, disse.
O atual prefeito reeleito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL). “Na condição de prefeito e reeleito de Rio Branco, venho me juntar ao luto e à dor de amigos, familiares e correligionários do ex-prefeito Flaviano Flávio Baptista de Melo por sua morte, registrada nesta tarde, no Hospital Albert Einstein. Neste momento de dor e sofrimento por perda tão significativa, lembro que não perdem apenas os municípes de Rio Branco, mas todo o Estado do Acre e toda classe política brasileira, posto que Flaviano Melo, prefeito de nossa cidade por duas vezes, em datas e contextos diferentes, era sobretudo um estadista”.
Bocalom acrescentou: “Além de prefeito de Rio Branco, foi governador, senador da República e deputado federal por quatro mandatos consecutivos, de 2002 a 2022. Era amado e reverenciado pela militância do MDB e de outros partidos que com ele conviveram.
Eu mesmo, em 2010, fiz uma das minhas campanhas ao seu lado. Disputei e perdi às eleições para o Governo do Estado naquele pleito, mas ele teve seu segundo de seus quatro mandatos de deputado federal renovado pelos acreanos.
Era um acreano que amava e se dedicava a sua terra e à sua gente.
Espero que Deus, nosso pai, na sua infinita bondade, e em nome de seu filho unigênito Jesus Cristo, o receba na glória e dê aos amigos e familiares e a todos nós o refrigério por perda tão significativa.
Para o prefeito, Flaviano Melo “era um acreano que amava e se dedicava a sua terra e à sua gente. Espero que Deus, nosso pai, na sua infinita bondade, e em nome de seu filho unigênito Jesus Cristo, o receba na glória e dê aos amigos e familiares e a todos nós o refrigério por perda tão significativa”.
A bordo de um avião a caminhão de Montevideo, no Paraguai, a ex-prefeita de Rio Branco e deputada federal Socorro Neri (PP), que vai participar de uma conferencia sobre educação naquele país, também falou sobre a morte do amigo: “Estou consternada. Gosto muito do Flaviano. Ele faz parte da minha trajetória. Ele foi uma das personalidades mais marcantes da política acreana, fez muito pelo Acre e deixa um legado notável.”, Segundo ela, “mesmo após ter me desfiliado do MDB, mantive relação de amizade com ele. No meu último encontro com ele, que aconteceu na sede do MDB, tivemos uma conversa memorável sobre a política acreana. Ali, na presença do meu filho e de amigos, registrei meu respeito, admiração e grande afeto por ele, que sei que eram recíprocos. Flaviano fará muito falta!”.
O senador Alan Rick disse ter recebido a notícia com muito pesar a noticia da morte do amigo. “Ele vinha lutando contra uma pneumonia e no início desta tarde sua morte cerebral foi confirmada pelos familiares, aos quais direciono minhas orações pelo conforto divino neste momento de profunda dor”, afirmou o senador. “Flaviano, foi prefeito de Rio Branco por dois mandatos, Governador do Estado, Senador e Deputado Federal por quatro mandatos. Caminhou conosco na nossa eleição para o Senado. Jamais esquecerei das conversas e conselhos desse grande líder da política acreana. Seu legado de amor e contribuição para com o nosso Acre é eterno”, acrescentou.
A mesa diretora da Assemblei Legislativa do Estado do Acre (Aleac) emitiu nota sobrea morte. “A Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac) vem por meio desta, prestar homenagem a um dos maiores expoentes da política acreana: Flaviano Flávio Baptista de Melo, que faleceu nesta quarta-feira, 20, aos 75 anos, por complicações causadas por um quadro de pneumonia.
A nota prossegue: “Flaviano foi prefeito de Rio Branco, governador do Acre, senador e deputado federal. Sua trajetória política foi marcada pela postura sempre democrática, pacífica e agregadora.
Ele deixa um legado de muito trabalho e amor pelo Acre, fato que certamente deixará sua memória viva ao longo dos anos.
Neste momento de sofrimento e pesar, nos solidarizamos com os amigos e familiares, esperando que encontrem refrigério amenizando a dor da saudade”, conclui a nota.