A Universidade Federal do Acre (Ufac) é, para além de um espaço de formação para muitas pessoas, um local de desenvolvimento de pesquisa. Recentemente, na última quarta-feira (11), o professor e pesquisador da Ufac, Fernando de Assis, apresentou uma nova técnica cirúrgica para remoção da próstata.
O novo método tem como vantagem ao tradicional reduzir drasticamente o custo para se realizar a operação, assim como a aceleração no tempo de recuperação para o paciente, dando assim melhor qualidade de vida para o operado.
A nova técnica usa materiais ortopédicos que a tornam mais acessível, é isso que explica o pesquisador Assis, que também conta sobre a possibilidade de realizar o procedimento em hospitais de cidades menos estruturadas, já que o material é de mais fácil acesso.
“Embora já exista uma técnica similar usando aparelhos caros, eu percebi que era possível adaptar materiais ortopédicos para reduzir o custo em até oito vezes”, explica.
Além da mudança na técnica, o médico também criou um aparelho próprio para o procedimento, chamado Serratus Supra, com a intenção de deixar a cirurgia com o mínimo de perda sanguínea.
“A maior dificuldade é retirar a próstata da bexiga de forma que o corpo seja o menos agredido possível. Já existe uma técnica que faz isso pelo canal da urina, mas o custo é elevado, e os hospitais menores não têm esse equipamento”, disse ele, afirmando que a adaptação realizada no procedimento é uma solução mais viável e acessível.
O grupo de pesquisadores liderados por Assis nomeou o novo procedimento de “morcelamento supra-púbico”, que utiliza materiais descartáveis e equipamentos já presentes na maioria dos hospitais de médio e grande porte.
“Essa inovação pode ser um grande avanço, especialmente para países com poucos recursos, onde os custos com equipamentos hospitalares são um fator limitante para o tratamento”, explica.
A abordagem continua sendo aprimorada, porém os resultados apresentados até o momento já mostram que é possível realizar o procedimento sem grandes impactos orçamentários para os hospitais.
Sobre a equipe presente durante a pesquisa, ele conta que houveram a participação de quatro urologistas e estudantes da Ufac.
“A gente começou a validar mesmo os dados quando começamos a apresentar nos congressos em 2021, continuamos em 2022 e 2023, foram apresentados nos congressos para a validação de outros profissionais. Então essa técnica acabou se difundindo no Brasil e alguns países da América Latina já estão fazendo”, explicou.
Em relação ao aparelho desenvolvido por ele, Assis conta que a previsão é que já no começo de 2025 ele esteja liberado para venda pela Anvisa, podendo assim ser comprado por profissionais de todo o país.
“Em relação ao aparelho que eu criei, a liberação da Anvisa aconteceu esse ano, há uns dois meses, então ele já vai começar a ser comercializado, acreditamos que em janeiro agora, próximo ano, já vai estar à venda para os colegas médicos urologistas poderem comprar”.
Por fim, o médico
“A grande vantagem dele é que ele barateia o custo da cirurgia, então barateia tanto para os hospitais quanto para os próprios pacientes e possibilita que essa técnica seja feita em hospitais pequenos, com poucos recursos. O bacana também, tanto dessa técnica, quanto desse aparelho, é que ela permite uma democratização para tirar a próstata sem ter que abrir a bexiga”, ressalta o médico
Conheça o Dr.Assis
O médico Fernando de Assis é urologista, com mestrado em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários pela Universidade Federal do Pará; doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo e Universidade da Califórnia.
Criou, em 2006, a equipe de transplante de rins do estado do Acre e um dos responsáveis pela criação do Hospital do Câncer do Acre (Unacon), onde ainda exerce atividades como uro-oncologista, sendo o médico mais antigo do hospital.
Fernando de Assis é urologista com mestrado em Biologia de Agentes Infecciosos e Parasitários pela Universidade Federal do Pará; doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo e Universidade da Califórnia – EUA.
Foi responsável pela criação da Equipe de Transplante de Rins do Estado do Acre no ano 2006, sendo pioneiro na realização desse tipo de transplantes no Estado do Acre.
Também é um dos médicos que participaram da criação do Hospital do Câncer do Acre (Unacon), onde ainda exerce atividades como uro-oncologista, sendo, portanto, o médico mais antigo daquela instituição.
Assis ocupa o posto de coordenador do Serviço de Urologia do Hospital das Clínicas do Acre e professor de urologia da Universidade Federal do Acre, assim como atua como preceptor do Programa de Residência Médica na Fundhacre.