O fato aconteceu em 2023, mas só agora o vídeo foi postado nas redes sociais e viralizou. Os “atores” são o pai, Weslley Waila, então com 33 anos, e sua filha, Duda, de 7, que é autista. Diagnosticado com câncer na vesícula biliar, ele estava recebendo cuidados paliativos porque, após dois anos de tratamento intensivo, os médicos concluíram que não havia mais o que fazer.
A família é de Rio Grande, no Rio Grande do Sul e, até então, Duda e sua mãe Alice Deleon, estavam acompanhando o tratamento de Weslley à distância, internado num hospital de Porto Alegre.
Alice estava com o marido sempre que possível, mas a criança não tinha permissão para entrar na ala de internação e só conseguia conversar com o pai por meio de videochamada. Até que chegou o dia de eles se despedirem.
O hospital abriu uma exceção para a menina entrar na área de internação e eles passarem um domingo juntos. “Nesse dia, a gente conseguiu conversar com ela, compramos um presente, o Weslley cortou a unha dela, colocou ela na cama, e ela teve um bom entendimento do que estava acontecendo. A gente viu que o amor deles transcende tudo isso”, contou Alice, ao site Metrópoles.
Tudo nesse dia especial, carregado de ternura, resiliência e amor, foi gravado por Alice. Weslley faleceria uma semana depois, no dia 10 setembro, a cinco dias do seu aniversário de 34 anos.
Ele e Alice, hoje com 29 anos, foram casados por 10 anos e enfrentaram juntos a doença. Alice disse que se sente grata ao hospital por ter permitido uma despedida tão leve e bonita entre pai e filha.
Veja o vídeo
Como Duda é autista, Alice conta que havia uma preocupação em explicar para a menina o que estava acontecendo de um jeito que ela conseguisse entender, sem que isso representasse um trauma ou um grande sofrimento.
“Ela sabia que o pai não estava bem. A gente sabia que ele teria pouco tempo, que estava chegando o fim próximo. Então a gente conseguiu fazer um especial com ela, para mostrar para ela que o pai não estaria mais lá e até hoje ela fala muito do pai”.
Alice disse que com a chegada do Natal e das festas de fim de ano, a ausência de Weslley está ainda mais presente, com muitas lembranças dos últimos momentos dele. Por isso, se lembrou do video e decidiu postar. “Está sendo mais difícil agora do que no início, porque, na época, o sofrimento dele estava nítido e não queríamos vê-lo assim. Mas, hoje em dia, a saudade está enorme”, lembra Alice.
“Como foram dois anos de tratamento, a gente tinha noção da finitude próxima. Ele estava muito cansado e a maior dor dele era deixar eu e a Duda, e de não vê- la crescer. Mas, ao mesmo tempo, também já estava tão sofrido e cansado, que não tinha mais medo do desconhecido. No final, ele estava tranquilo porque sabia que continuaria junto de nós”.