Trata-se uma condição extremamente complexa, e só quem realmente está nela pode compreendê-la plenamente.
Por isso, vamos mostrar as cinco coisas que Amy P., uma transexual de 20 e poucos anos que vive na Califórnia, Estados Unidos, crê que todo mundo deveria saber sobre ser transexual.
5. Transexuais não estão tentando enganar ninguém
Mulheres transexuais sentem atração por homens, simples assim e sem enganação alguma. Mas como essa questão é sempre motivo de piada, especialmente na cultura pop, essa interação acaba ficando ainda mais complicada do que deveria ser. No caso de Amy, ela conheceu um cara em um bar, e não tinha certeza se ele sabia que ela era uma transexual.
Como ela tinha medo de se abrir para ele, até porque o cara era muito maior que ela, Amy esperou cerca de 1 mês e meio até conversar sobre isso com ele. “Eu demorei esse tanto porque queria ter certeza de que estaria segura”, conta.
Talvez fosse mais fácil andar por aí com uma placa amarrada no pescoço, “mas algumas pessoas me odeiam pelo simples fato de eu existir”, lamenta Amy.
A melhor solução seria, então, ficar em casa, em segurança, e conhecer pessoas pela internet? Segundo Amy, não. As agressões verbais não têm limites. A gíria da internet para se referir a uma mulher transexual é “armadilha”, como se mulheres como ela fossem uma cilada que leva os homens a questionarem sua própria sexualidade.
4. A transexualidade não deve ser tratada como uma doença
De acordo com os médicos, toda pessoa transexual tem um transtorno que pode ser tratado com atitudes como, no caso de Amy, desencorajar o fato de ela querer se vestir como uma mulher. Há pouco tempo atrás, a homossexualidade foi tirada da lista de doenças mentais, mas, para os transexuais, a espera foi maior – principalmente por conta dos relativamente poucos casos verificados.
“Eu estava trabalhando com um psiquiatra devido a ataques de pânico antes de eu me assumir. Quando eu disse a ele que era transexual, ele de repente concluiu que eu poderia ser esquizofrênica e precisava ser medicada contra isso. Ele não tinha nenhum outro caso como referência para saber como lidar com alguém como eu”, relata Amy.
E isso é um grande problema.
Ela conta que um pai transexual de Ohio (EUA) perdeu o direito de visitar seu filho porque o tribunal considerou que o fato de ele ser transexual o desqualificava para a função de criar seu próprio filho. Aos olhos do sistema judicial de Ohio, esse pai foi considerado um psicopata e, então, poderia ser uma “má influência” no desenvolvimento da criança.
3. Transexualidade não é apenas sobre cirurgia
Imagine você acabar de conhecer uma pessoa e ela fazer perguntas ultrapessoais a respeito dos seus órgãos genitais. Constrangedor, não?
Segundo Amy, a razão de tamanha curiosidade é por causa da ideia equivocada de que ser transexual requer algum tipo de cirurgia, obrigatoriamente, quando, na verdade, fazer ou não uma cirurgia de reconstrução genital é uma escolha – e muito pessoal, diga-se de passagem. Um grande número de transexuais não vê necessidade e, aliás, convive muito bem com sua identidade biológica.
2. Não existe apenas um tipo de trans
Existe uma série de estereótipos para pessoas homossexuais. E como a grande maioria da população não entende a real natureza do que é ser transexual, acaba “emprestando” esses estereótipos para uma condição diferente – a verdade é que eles não se aplicam. Amy explica melhor:
“Acredita-se por aí que uma pessoa transexual é apenas uma pessoa muito gay que em um certo ponto quer ser do outro gênero, para assim ser normal. Isso é muito comum na televisão e nos filmes, onde muitas vezes não há distinção entre gays, travestis e transexuais.
A relativamente simples premissa de se sentir bem com uma coisa que é diferente ainda tem que ser infiltrada na cultura pop. E quando você tentar explicá-la, muitas pessoas vão ficar zangadas”.
1. Ser transexual é perigoso
A questão transexual é cada vez mais presente na mídia, mas isso ainda não tem facilitado a vida de quem tem essa condição. Com poucas pessoas realmente assumidas, a responsabilidade de encarar a curiosidade e o preconceito da sociedade acaba ficando concentrado em corajosas como Amy. “Eu tenho uma camada extra de cautela em minha mente antes de ir a público”, confessa.
A reação das pessoas é absolutamente imprevisível e, nesse caso, inclui até risco de assassinato. A taxa de homicídios para as pessoas transexuais no hemisfério norte é cerca de 50% maior do que a taxa de homicídios de gays e lésbicas. Pior: segundo Amy, os tribunais de hoje em dia estão dispostos a dar o benefício da dúvida a um assassino caso a vítima tenha sido transexual.
Parece loucura, não?
“Se você for uma pessoa transexual que ainda não está totalmente assumida quanto a isso, ou não está pronta para falar sobre o assunto, pode ser por isso. Ainda há um longo, longo caminho a percorrer”, conclui Amy.
Como diria Nelson Mandela, “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se podem aprender a odiar, também podem aprender a amar”. Concorda? [Cracked]