Amigos, familiares e colegas de trabalho, na semana passada, homenagearam o servidor público Manoel das Dores Mendes. Formado pela Universidade Estadual do Maranhão, este agrônomo de 69 anos chegou ao Acre em 1977 para trabalhar nos Projetos de Assentamentos Dirigidos (PAD’s), implantados pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
Manoel, que estudara muito para fugir do trabalho pesado da roça, em andanças com estas plagas, encantou-se por este cantinho da Amazônia e pela sua gente cabocla. Mochila nas costas, embrenhou-se pelos extintos seringais ora demarcando terras, ora prestando assistência técnicas aos parceleiros.
Depois de uma rápida passagem pela extinta Cobal, hoje Companha Nacional de Abastecimento (Conab), o servidor público se fixou no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), órgão responsável pela gestão das políticas públicas de estímulo à agropecuária, pelo fomento do agronegócio e pela regulação e normatização de serviços vinculados ao setor.
O Mapa era tudo para Manoel. A exímia dedicação ao trabalho parecia um casamento. Os colegas de trabalhos eram a sua família. O destino, no entanto, havia reservado algumas surpresas para aquele recluso, discreto e solitário homem.
Amor à primeira vista
Antes vir para o Acre, mais precisamente na festa de sua formatura, Manoel foi apresentado para uma irmã de um colega de faculdade. Ao som de “besame mucho”, dançaram e trocaram olhares que culminaram em beijos e expectativas de um namoro.
Coincidência ou destino, naquela inesquecível festa, tanto a namorada de Manoel como o namorado de Ondina Maria Silva Mendes, hoje com 61 anos, estavam presentes. Começava ali um romance que nem a distância separou. Ele em Rio Branco, ela em São Luís. Foram quatro anos de namorado por cartas. Questionados se nesse período houve fidelidade de ambas as partes, a companheira nem titubeia: “Ele era um príncipe e eu uma princesa” [risos].
Os encontros eram apenas no período de férias de Manoel. “Eu não poderia trazê-la de qualquer jeito”, explicou ele, que finamente, comprou uma casa e a trouxe para formar uma família. Da relação nasceram os filhos Emanuel e Samuel, de 33 e 31 anos, respectivamente, e agora uma netinha que é o xodó da casa. E lá se vão 36 anos de casamento e um caso de amor para a vida inteira.
Homenagem e muita emoção
Naquela manhã de segunda-feira (10), Manoel fora convidado para assistir a uma palestra ali mesmo no Auditório do Mapa. Acenderam as luzes e… Surpresa! Entre os presentes estavam a família, os colegas do Mapa, servidores do Estado, da RED Pontes, Fundepec, Eletroporto e Pescaestagiários.
O encontro e a despedida de Manoel, que teve direito a execução do Hino Nacional, foi uma festa bonita com uma plateia compostas por pessoas queridas. “Este é dos dias mais felizes da minha vida. Muito obrigado, muito obrigado”, disse o agora aposentado Manoel, em meio a uma forte emoção.
“A vida é rápida se levarmos em consideração as coisas que ainda temos a realizar. É uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, ria, dance, chore e viva intensamente cada momento de sua vida. Faça isso antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”, dizia um cartaz de autoria de Charlie Chaplin.
Era a festa de despedida das repartições, das pesquisas, do trabalho de campo e daquilo que ele mais gostava: o contato com os produtores, como os colegas de trabalho e o ambiental rural. É difícil, para quem ama o que faz, deixar tudo para trás e delinear novos rumos.
Elisa Gadelha, colega de trabalho e amiga, assim abriu as homenagens: “Falar do Manoel é falar de gratidão, bem-querer e respeito. Você fez como o apóstolo Paulo: combateu o bom combate e o resultado é que estamos vendo aqui. Vamos sentir muito a sua falta porque você é muito querido entre nós. Que Deus continue abençoando você e a sua família”.
E veio mais um orador: “Num mundo de descompromissos, competições, fugacidade e egoísmos eis aqui um alguém fora desses padrões. Ele não é só um servido público. É um homem honrado e com uma enorme propensão à felicidade. Pai de família, um amigo, um exemplo a ser seguido”, declarou o filho Samoel Silva Mendes, que é delgado de política no município de Sena Madureira.
Um dos organizadores da homenagem foi o superintendente do Mapa, Francisco Luziel, para quem Manoel é um exemplo de homem e ser humano. “É o mínimo que o Mapa tem a fazer pelo senhor. Foram 37 anos de serviços bem prestados por um profissional leal, ético, competente e amigo. És um homem calmo, pacífico, prestativo e muito coerente na sua conduta seja como servidor ou cidadão comum. Vais fazer muita falta na nossa superintendência. Temos muito orgulho do senhor”, finalizou o superintendente.
Breve histórico de sua trajetória no Acre
INCRA
· 31 de agosto de 1977 a 1° novembro de 1979
CONAB
· Contrato em 2 de janeiro 1980
CARGOS NO MAPA
· Engenheiro Agrônomo – 2 de janeiro de 1980 a 28 junho de 2000
· Fiscal Federal Agropecuário – 29 de junho de 2000 a 28 de julho de 2016
· Auditor Fiscal Federal Agropecuário – 29 de junho de 2016 até a presente data.
FUNÇÕES NO MAPA
· 28 de junho de 2000 a 2 de março de 2005 – Chefe de Setor de Fomento e Fiscalização da Produção Vegetal
· 18 de abril 2005 a 5 de agosto de 2010 – Chefe de Serviço de Fiscalização Agropecuária
· 6 de agosto de 2010 – Serviço de Sanidade, Inspeção e Fiscalização Vegetal