O senador Jorge Viana esteve reunido na manhã desta quinta-feira (20) com o secretário Emylson Farias e a cúpula da segurança pública no estado. Jorge Viana, vice-presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal, fez questão de marcar o encontro para compartilhar informações que obteve na comissão e que apontam para uma mudança na geografia do crime organizado.
Para o senador, a situação é grave. “Está havendo um deslocamento da geografia do crime. Antes, os controladores da venda de drogas ficavam no Rio de Janeiro e agora estão vindo, se instalando dentro dos presídios e nas cidades perto da fronteira, pois querem controlar o transporte, a venda e a produção. E isso é terrível para nós aqui no Acre”, destacou o senador. As informações são do próprio Ministério da Defesa e, também, do serviço de informação do Exército.
Além de Farias, estavam presentes no encontro o comandante da Policia Militar Júlio César, o delegado da Polícia Civil Josemar Portes, o coronel Roney e o subcomandante Carlos Batista, ambos do Corpo de Bombeiros. Todos ouviram atentamente as informações passadas e concordam que é preciso fortalecer as fronteiras. O senador sugeriu uma ação conjunta entre polícia e exército para cuidar da área de fronteira. “Lamentavelmente, o governo federal tem diminuído os investimentos. Quando você tira os investimentos do programa de defesa do país, você também está dando um sinal negativo e facilitando a entrada de armas e drogas, e isso é o maior dos problemas que temos que enfrentar” advertiu.
Sobre a situação dos presídios, o senador também tratou com a cúpula da segurança no Acre em torno da “nova ordem” dos presídios, onde ocorre uma guerra entre as facções. Ele ouviu das autoridades do país que, dentro dos presídios, existe uma mudança radical de comportamento, que se materializa em chacinas como as que aconteceram em Manaus, Rondônia e até no Acre.
“As facções resolveram se enfrentar e formar, cada uma, o seu exército. Eles procuram aumentar o número de associados. Há alguns anos, o Comando Vermelho tinha menos de 6 mil associados, hoje tem mais de 14 mil e isso é apenas um exemplo”, denunciou. “O fato é que, quem entra no presídio, independente do crime, tem grande chance de ser cooptado por alguma facção. O que transforma os presídios em verdadeiras escolas do crime”.
Jorge Viana também sugeriu como ação da segurança pública no estado a permanência de barreiras de fiscalização constantes em locais estratégicos do estado, como Cruzeiro do Sul, o posto da Tucandeira e Plácido de Castro.
O secretário de segurança Emylson Farias agradeceu o encontro. “O senador conhece o tamanho do desafio que temos pela frente. Precisamos de toda ajuda possível para superar esse problema grave de segurança que toma conta de todo nosso país. Estamos trabalhando muito no enfrentamento ao crime e seguiremos firmes”, declarou.
Jorge Viana comentou a ação feita no Acre de enfrentamento ao crime. “Sei e conheço a luta e o esforço do governador Tião Viana e o trabalho incessante do secretário Emylson e das nossas polícias. Mas esse é um problema que se agrava, assustadoramente, em todo lugar. Mesmo as forças nacionais não estão conseguindo manter o controle sobre a ação do crime organizado. Precisamos de ações conjuntas, de um pacto pela segurança nesse país que envolva todos. Só assim poderemos pensar num Brasil de paz e que valorize a vida humana”, disse.