Uma mulher está agonizando em um mesmo leito do Pronto Socorro (PS) do Hospital de Urgência e Emergências de Rio Branco (Huerb) há cinco meses desde que chegou a Rio Branco em busca de tratamento por conta de uma deformidade óssea na extremidade superior da coxa. Sem realizar a cirurgia necessária ou providenciar o encaminhamento por meio do Tratamento Fora de Domicílio (TFD), agora o hospital quer apenas dar alta a paciente sem uma solução ao caso.
Há mais de quatro meses Milane Moura de Melo, de 38 anos, ocupa o mesmo leito número 175 do PS do Huerb. Submetida a vexatória situação de ficar praticamente nua, sempre na mesma posição de decúbito dorsal (de costas), onde o corpo começa revelar os sinais do sofrimento e até mesmo as injeções deixam marcas no corpo já em processo de definhamento e atrofia por falta de movimentos. Sem parentes ou pessoas próximas que possam acolhê-la, a paciente entrou em desespero quando soube da possibilidade de alta sem uma solução para poder voltar a andar e rever a família.
Entenda o caso
Milane sofreu um acidente doméstico há cerca de cinco meses, quando caiu de uma cama. Ela foi atendida na sua cidade de origem, Boca do Acre (AM), onde os primeiros tratamentos foram para um simples trauma muscular. Mas quando não houve evolução, foi recomendado procurar mais recursos em Rio Branco, onde deu entrada no PS há cerca de quatro meses, mas se encontra no mesmo leito até a presente data.
Apesar do tempo em que está internada, Milane foi submetida a uma série de exames para identificar o problema. Nos primeiros exames foi detectada perda de tecido na extremidade superior do fêmur e uma suspeita de câncer ósseo. A paciente foi então submetida a exames específicos de malignidade, a qual afastaram a possibilidade de câncer e detectou uma osteomielite (inflamação do osso) crônica inespecífica (sem causa determinada) no terço proximal do fêmur (“cabeça do fêmur”), mas sem malignidade (câncer).
Para resolver o problema é necessário realizar uma cirurgia de substituição da extremidade do osso da coxa e trocar a cabeça do fêmur. Ocorre que este tipo de cirurgia não é realizada no Acre e a paciente foi encaminhada para o TFD (Protocolo n° 248/2017) para ser operada no Rio de Janeiro.
Entretanto, conforme revelou a paciente, mesmo sem ela ter condições de acolhimento ou mesmo de manter o tratamento em Rio Branco, o Huerb quer simplesmente dar alta a paciente enquanto é providenciado o TFD.
O outro lado
A Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) informou por meio de nota que a paciente foi inclusa e aprovada no sistema da Central Nacional de Regulação da Alta Complexidade (CNRAC) no dia 23/06/2017. A CNRAC está com a documentação de Milane, o caso está aguardando pela Central de Brasília para alguma unidade referência a nível Nacional.
Ainda na nota, a Sesacre afirma não é possível, do ponto de vista legal, o Complexo Regulador do Acre, extrapolar a competência estabelecendo a data de agendamento e de procedimentos que são executados por unidades hospitalares de outros Estados.
O assessor de imprensa da Sesacre afirma que o TFD só será autorizado quando houver garantia de atendimento no município de referência com horário e entao definido.
Neste sentido, assim que a central da CNRAC direcionar a referida paciente para alguma unidade e a ela seja aprovada e agendada será encaminhada conforme a data e horário específico referenciada pela unidade executante. (A que receber a paciente).
A Sesacre esclareceu ainda ainda que já foram feitas duas solicitação, mas a primeira foi negada, por isso salientou que o Complexo/TFD está realizando todos os tipos de esforços para conseguir um tratamento para a paciente