O pai do atacante Neymar, Neymar da Silva Santos, tentou comprar do Santos os direitos de um amistoso do clube com o Barcelona a ser disputado no Brasil. A proposta, de R$ 1,2 milhão, foi enviada em janeiro de 2015 através da NN Consultoria, empresa da família do atacante, ao presidente Modesto Roma Júnior, que havia assumido o cargo no mês anterior.
O Santos, que vivia grave crise financeira, com jogadores deixando o clube por atrasos nos salários, não respondeu à oferta, e Neymar, o pai, não insistiu na negociação – a intenção era trazer os espanhóis ao Brasil para enfrentar outra equipe do país e lucrar com isso.
A diretoria alvinegra hoje crê ter direito a € 4,5 milhões (cerca de R$ 17 milhões) como indenização pelo fato de o jogo não ter sido realizado – a partida estava prevista em acordo assinado com o Barcelona em 2013, quando o atleta se transferiu para a Espanha.
Foram acertados dois amistosos, um em Barcelona, que foi jogado em agosto de 2013 e terminou 8 a 0 para os donos da casa, e outro no Brasil. O segundo deveria acontecer enquanto Neymar tivesse vínculo com os catalães, o que não é mais possível pelo fato de ele ter se transferido ao PSG. Por isso, o Santos entende que a compensação é devida.
Questionado pela reportagem, o pai de Neymar confirmou, através de sua assessoria de imprensa, ter enviado a proposta ao Santos com a ciência do Barcelona, mas afirmou que ela não foi respondida pela diretoria alvinegra. O clube brasileiro foi procurado, mas não se manifestou.
À época do envio da oferta, Neymar e Modesto mantinham relação protocolar. Pouco depois, porém, o Santos acionou o atleta, o pai dele e as empresas da família na Fifa em busca de uma indenização por supostas irregularidades na transferência ao Barcelona. No último mês de julho, a entidade divulgou decisão favorável ao jogador no caso. O Santos promete recorrer.
Cobrança ao Barcelona
No começo de agosto, assim que Neymar foi apresentado no PSG, a diretoria alvinegra enviou uma notificação ao Barcelona, cobrando o pagamento dos € 4,5 milhões. O prazo terminou na última segunda-feira, 21.
O valor da indenização é previsto numa carta do Barcelona ao Santos, datada do mesmo dia em que o contrato do amistoso foi assinado. O documento indica, entre outras condições, a situação específica de Neymar deixar o Barcelona antes da realização da partida como motivo para a cobrança do valor.
Sem resposta até a última quarta-feira, o Santos estuda uma nova ação contra os catalães na Fifa, que já arbitra outras duas disputas entre os clubes relacionadas a Neymar. Em julho, a entidade mandou o Barcelona pagar € 2 milhões aos brasileiros, relativos à uma premiação que estava bloqueada desde que o atacante foi eleito o terceiro melhor jogador do mundo em 2015 – um bônus acertado na transferência do atleta.
Antes de o atacante deixar o Camp Nou, Barcelona e Santos negociaram uma data para a partida. Os catalães sugeriram os últimos dias 8 ou 9 de agosto, mas a CBF vetou, já que a equipe comandada por Levir Culpi enfrentaria, no dia 10, o Atlético-PR pela Libertadores. Os santistas, então, sugeriram janeiro para que o encontro finalmente acontecesse, mas Neymar saiu do Barcelona antes de uma solução.