Renúncia de Marcus Alexandre coincide com prisão de Lula e frustra festa do PT

Frase pra se guardar

O jornalista Pedro Bial chamou minha atenção, dias atrás, ao comentar a morte da vereadora carioca Mariele Franco (PSOL). Disse ele o seguinte: “Democracia não é falar o que queremos, mas saber ouvir aquilo de que não gostamos”.

Caso de família

A sentença é citada a propósito do que ocorreu nesta quinta-feira (5), na Câmara de Vereadores de Rio Branco, onde se votou o projeto de lei 03/2018, que dispõe sobre o Estatuto da Família.

Omelete

Com a galeria ocupada por ativistas do movimento LGBT e membros da Associação dos Ministros Evangélicos do Acre (Ameac), a sessão terminou em desordem, com os ativistas a hostilizarem os vereadores favoráveis ao projeto. Todos eles foram alvos de uma chuva de ovos, mas apenas o azarado N. Lima foi atingido.

Teor

Antes de falarmos sobre as razões do ataque, é preciso explicar que o referido PL prevê os direitos familiares e traça as diretrizes de políticas públicas voltadas à valorização e ao apoio da entidade familiar.

Protesto

Excluído da proposta o movimento LGBT, o ativista gay Germano Marino protestou, alegando que a Câmara estaria “na contramão do que ocorre no cenário nacional, onde já existem jurisprudências” que segundo ele reconhecem a relação homoafetiva como familiar.

Ponto de vista

Para Marino, a proposta original reforça a discriminação e o preconceito contra os homossexuais.

Derrota

Mesmo sob a sugestão do petista Gabriel Forneck de que o PL fosse debatido em uma audiência pública, a votação aconteceu sob o argumento de que a proposta já havia sido submetida à apreciação de representantes de inúmeros segmentos sociais. E o Estatuto da Família foi aprovado por 10 votos contra 3.

Na prática, o discurso é outro

Defensores de um sistema democrático que lhes garanta a maior quantidade possível de direitos, os ativistas gays transgrediram a própria pregação e passaram a tacar ovos nos vereadores favoráveis ao PL.

Atitude vil

Ora, é de se presumir que um movimento que prega a igualdade e o respeito às diferenças não fosse capaz de reagir de forma tão aviltante – já que contrária às regras preconizadas por seus membros.

Questão de lógica

É legítimo que grupos minoritários lutem pela garantia de seus direitos, mas inconcebível que os direitos dos que discordam de suas causas seja objeto de manifestações que visam suprimi-los.

Coerência

A tolerância exigida pelos ativistas LGBT quanto ao seu modo de vida deve ser usada na mesma proporção em relação àqueles que lhes repudiam as reivindicações. Não, não se trata de flertar com o atraso ou de endossar o ideário conservador – mas tão-somente de se recorrer à coerência que faltou aos protagonistas do episódio desta quinta.

Direitos e deveres

Afinal, as reivindicações de uns não podem se configurar em restrição ao direito de outros. Como disse Bial, a democracia pressupõe mais do que a prerrogativa de expressar o que se pensa, mas principalmente de se aceitar as idaias alheias, por mais desagradáveis que pareçam.

Rusgas virtuais

A propósito, este colunista, cuja filosofia consiste em respeitar cada um conforme a sua natureza e aceitar todas as práticas sexuais desde que amparadas por lei, nada tem contra os homossexuais. Ainda assim, em um debate no Facebook com o Sr. Germano Marino, no qual não lhe fiz ofensa alguma e tratei apenas de/expor argumentos, acabei bloqueado por ele sob a difamante acusação de que estava sendo ‘homofóbico’.

Censura

Tal atitude por parte de um ativista que reputava afável e respeitável me causou enorme decepção. Ferrenho defensor da liberdade sexual, o Sr. Germano mostrou sua desafeição pelo contraditório. E, mais grave do que isso, se revelou um censor das divergências.

Fim de um ciclo

Com a expedição do mandado de prisão contra o ex-presidente Lula, assinado ontem pelo juiz federal Sérgio Moro, encerra-se o ciclo histórico em que se endeusou o metalúrgico por ter chegado à Presidência da República.

Da epopeia ao terror

De mercador da esperança de um Brasil melhor e mais justo para todos, Lula se revelou o biltre que por tantos anos ansiou o poder para dele se locupletar. Não menos trágico que o desfecho de uma epopeia que terminou em filme de terror, é a atitude dos que insistem com o enredo de afrontar a justiça e de nos ofender a inteligência.

Agenda companheira

Desincumbido de suas responsabilidades com os graves problemas do povo acreano, o governador Tião Viana foi a São Paulo fazer companhia ao ex-presidente, dispostos ambos a acompanharem a sessão do STF. Mas a esperança de Lula de permanecer livre, leve, solto e boquirroto foi derrotada pelo voto da maioria dos ministros.

Inversão de prioridades

Não foi a primeira vez que Tião Viana e ausentou do Acre para tratar das quizumbas do seu partido. Enquanto se ocupa do destino de Lula, conforme também o fez quando ameaçada a companheira Dilma, o governador petista trata de se desligar dos graves problemas do estado.

Não faria diferença alguma

Aliás, resolvesse ele renunciar ao cargo que ocupa pela segunda vez, falta alguma nos faria.

Triste coincidência

A propósito, a renúncia do prefeito Marcus Alexandre ao cargo de prefeito de Rio Branco, a fim de concorrer ao governo estadual nas eleições de outubro, foi marcada para hoje, mesmo dia em que Lula deverá se entregar à Polícia Federal do Paraná, em Curitiba. A ordem partiu do juiz Sérgio Moro.

Com os burros n’água

Não sou dado a superstições, mas essa coincidência é por demais intrigante. Na prática, o ato previsto pelo PT, que previa fazer pirotecnia com a saída do petista do cargo, será toldado pela prisão de Luiz Inácio. Ao que parece, o universo conspira contra os companheiros.

PUBLICIDADE