Em uma reunião com advogados do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em março, o procurador especial Robert Mueller cogitou a possibilidade de emitir uma intimação para Trump depor se ele se recusar a conversar com investigadores a cargo do inquérito sobre a suspeita de envolvimento da Rússia na eleição americana de 2016, disse um ex-advogado do presidente nesta terça-feira (2).
John Dowd afirmou à agência Reuters que Mueller mencionou a possibilidade de uma intimação na reunião ocorrida no início de março. Ele deixou a equipe legal do presidente cerca de duas semanas após a reunião.
“Isso não é um jogo. Vocês estão atrapalhando o trabalho do presidente dos Estados Unidos”, Dowd disse ter afirmado aos investigadores, que analisam um possível conluio entre a campanha de Trump e a Rússia.
O alerta foi noticiado primeiro pelo jornal “Washington Post”, que citou quatro pessoas a par do encontro. Segundo o “Post”, Mueller cogitou a intimação depois que os advogados de Trump disseram que seu cliente não tem obrigação de conversar com investigadores federais envolvidos com o inquérito.
Trump nega que tenha havido um conluio e nega ter cometido qualquer irregularidade. Nesta quarta, ele voltou a criticar a suspeita por meio de sua conta no Twitter:
“Não houve conluio (é um boato) e não há obstrução de Justiça (isso é uma invenção e uma armadilha). O que existe são negociações em andamento com a Coreia do Norte sobre a guerra nuclear, negociações em andamento com a China sobre déficits comerciais, negociações sobre o NAFTA, e muito mais. Caça às bruxas!”
Perguntas a Trump
Após a reunião de março, a equipe de Mueller concordou em fornecer aos advogados do presidente informações mais específicas sobre os temas a respeito dos quais quer indagar Trump, relatou o “Post”.
De posse destas informações, o advogado de Trump, Jay Sekulow, compilou uma lista de 49 perguntas que a equipe legal do presidente acredita que lhe serão feitas, de acordo com o Post.
Esta lista, revelada pelo jornal “New York Times” na última segunda-feira, inclui perguntas sobre os supostos laços de Trump com a Rússia e outras para determinar se o presidente pode ter tentado obstruir ilegalmente a investigação. Trump criticou o vazamento das perguntas.
Nesta quarta, o “Times” reporta que os advogados de Trump consideram que responder às perguntas de Mueller pode ser um campo minado para o presidente. Isso porque as perguntas são consideradas muito amplas, e o presidente precisaria de um preparo detalhado para respondê-las. No entanto, segundo o “Times”, seus advogados não sabem tudo o que o procurador especial apurou sobre o caso.