A peso de ouro
Empresário do ramo de pesquisas eleitorais no estado informou ao colunista que o levantamento encomendado ao Ibope pela Rede Amazônica custou a mixaria de R$ 105 mil. É muito dinheiro – mesmo para uma emissora de TV – pagar por uma sondagem de intenção de voto que ouviu pouco mais de 800 eleitores.
Sob encomenda
A pesquisa afirma que os principais atores políticos na disputa ao governo estadual – Gladson Cameli (Progressistas) e Marcus Alexandre (PT) – estão tecnicamente empatados com 37% das intenções de voto.
Dois contra um
Esse resultado é bem diferente do que mostrou, dias atrás, as agências Delta e Data Control – ambas dando vantagem de dois dígitos ao senador em relação ao ex-prefeito do PT.
Bola murcha
Quem se der ao trabalho de averiguar, verá que o Ibope não costuma acertar em suas projeções eleitorais por estas bandas – sempre errando a favor do PT. Foi o que aconteceu nas eleições de 2010, 2012 e 2014. Nem mesmo na eleição de 2016, quando Marcus Alexandre venceu a disputa para a prefeitura da Capital no primeiro turno, o instituto deixou de cometer erro.
Contraponto
Em contrapartida, tanto a agência Delta quando o Data Control tem histórico invejável de acertos nas pesquisas eleitorais. Basta fazer uma breve consulta na internet.
Perguntar não ofende
Resta indagar por que, então, a Rede Amazônica de televisão continua a contratar uma empresa de pesquisa que sempre erra em suas projeções eleitorais por estas bandas…
Fala sério!
Mas o pior, talvez, não tenha sido o tal ‘empate técnico’ que o Ibope propalou no levantamento divulgado ontem (22). Ainda mais inacreditável foram os 58% de aprovação atribuídos ao governo de Tião Viana.
Aritmética companheira
Tudo bem que o site Juruá em Tempo inflou a aprovação do governante petista, ao acrescentar aos 23% dos que o consideram ‘bom’ e ‘ótimo’ outros 35% de ‘regular’. O texto publicado pelo site, aliás, é tão sem-vergonha que nem sequer cita o percentual de eleitores que desaprovam a administração de Tião Viana.
Pra inglês ver
Para os que acham que exagero no adjetivo, reproduzo um trecho da matéria: “Os números [da pesquisa Ibope] refletem o trabalho realizado pelo governo do Estado em manter o Acre em um caminho de desenvolvimento, garantindo inclusão social e geração de renda” (o grifo é meu; já a conclusão fica a critério do leitor).
Palavras de quem sabe
Sobre essa tática de somar resultados para aumentar a aprovação de gestores públicos, Maurício Costa Romão, Ph.D. em economia pela Universidade de Illinois, nos Estados Unidos, afirmou o seguinte: “Quando o entrevistado diz que a administração é regular, ele está buscando situar-se fora do espectro de ‘ótimo e bom’ e de ‘ruim ou péssimo’, reconhecendo que a gestão tem pontos bons e ruins e, até mesmo, ótimos e péssimos”.
É fraude!
E acrescenta o doutor Romão: “Então, quando os administradores governamentais somam, nas pesquisas, o regular ao ótimo e bom, com o propósito de inflar sua aprovação, estão cometendo uma impropriedade”. E o que dizer, então, quando essa impropriedade decorre da iniciativa de um veículo de comunicação?
Ceticismo
Pra começo de conversa, tenho cá minhas dúvidas sobre o percentual (23%) de eleitores acreanos que aprovam o atual governo. E desconfio também da parcela (35%) que, segundo o Ibope, acha o desempenho de Tião Viana regular.
Questão de lógica
Se o gestor do PT estivesse com essa populridade toda, o candidato do seu partido não iria a uma entrevista admitir que as empresas públicas fracassaram, que a ZPE é uma miragem e que a ‘florestania’ não passa de um mero ‘conceito’.
Nada a declarar
Marcus Alexandre também se esquiva de responder como avalia o desempenho de Tião Viana. Isso, óbvio, não aconteceria se o governador aliado estivesse com o prestígio nas alturas.
A gente entende, companheiro…
É perfeitamente compreensível que o candidato do PT evite defender a gestão do correligionário. Inacreditável é que o grosso do eleitorado é que se encarregue de fazer tal defesa por meio de uma sondagem eleitoral.
Pra concluir
Admito, no entanto, a possibilidade de que o Ibope esteja certo – e eu errado. Aliás, não apenas eu, mas também as agências Delta e Data Control, que já provaram a precisão de suas sondagens de intenção de voto em campanhas anteriores. Ao Ibope cabe provar que também pode acertar – sobretudo depois de ter cometido, entre nós, tantas e tão graves incorreções.