Líderes da aldeia Huni Kuin mais uma vez procuraram o Ministério Público estadual para denunciar o uso indiscriminado da substância conhecida por rapé, geralmente usada em rituais indígenas. Segundo os denunciantes o pó, produzido normalmente com ervas da floresta, estaria sendo misturado a substâncias ilícitas como a cocaína e comercializado nas cidades.
Os indígenas se reuniram com o coordenador do Centro de Apoio Operacional de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania, procurador de Justiça Sammy Barbosa, e com o ouvidor-geral do MPAC, promotor de Justiça Leandro Portela.
O rapé tradicional, é feito da combinação de ervas, entre elas o tabaco, consumido milenarmente em rituais sagrados e de cura por diversos povos originários da Amazônia. Para as cosmologias indígenas, o rapé é uma ‘medicina de poder’ que promove contato com o mundo espiritual e, geralmente, é aplicado com a ayahuasca e sananga.
“Temos notícias de que algumas pessoas têm desvirtuado os saberes indígenas e estão vendendo rapé sem ter conhecimento dos povos indígenas, sem ter o cuidado de utilizar as substâncias corretas, inclusive na quantidade correta, no balanceamento correto, para que se possa produzir essas substâncias que, tradicionalmente, historicamente, esses povos utilizam para fins medicinais. Então, o Ministério Público está tomando conhecimento dessa questão e traçando algumas estratégias”, disse Sammy Barbosa.