Indicação geográfica e a valorização comercial da Central Juruá e farinha de Cruzeiro do Sul

Você certamente já ouviu falar dos vinhos do Vale dos Vinhedos, saboreou um queijo Canastra ou já fez um bom pirão com a farinha de Cruzeiro do Sul. Pois saiba que a relação entre esses produtos e seu local de origem é reconhecida oficialmente pelas Indicações Geográficas, processo este que constitui-se em uma das formas especiais de proteção aos produtos, e o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado.

Farinha de Cruzeiro do Sul/Foto: Reprodução

No Estado do Acre, a Central das Cooperativas de Produtores Familiares do Vale do Juruá foi a primeira central de cooperativas do Brasil a possuir a concessão do registro de reconhecimento outorgado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial – INPI, na modalidade Indicação de Procedência para o produto farinha de Mandioca (RPI 2433 de 22 de Agosto  de 2017) garantindo, assim, que as cooperativas integrantes possam usar o selo de Indicação Geográfica (IG) e registrar nos rótulos do produto a expressão “Indicação de Procedência Cruzeiro do Sul”.

Buscando determinar o sucesso da instituição na gestão da IG, a Central em parceria com o Sebrae, Embrapa, Seaprof, Universidade Federal do Acre (Ufac) e Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre (Ifac), realizou uma série de reformulações, criando estratégias organizacionais, financeiras e comerciais para a venda da farinha em mercado nacional, almejando grandes redes de varejo, além de aspirar ao mercado internacional.

Sob esse aspecto, ao analisar a contribuição econômica da Indicação Geográfica na valorização comercial da Central Juruá, Germano Gomes, presidente da entidade, enfatiza que após um ano de concessão do registro, foi possível contabilizar o crescimento das vendas, a agregação de valor e da demanda pelo produto, principalmente via empórios e grandes restaurantes nacionais, além de potencializar o retorno de aproximadamente 36% dos produtores associados inativos para as atividades das cooperativas. Esse movimento reflete diretamente no aumento e disponibilidade de produção para comercialização via cooperativa e agregação de renda dos cooperados. Germano afirma ainda, que além da elevação dos preços de venda da farinha, obteve-se um maior interesse de outros empreendimentos, principalmente os ligados ao turismo, o que demonstra de forma clara que a Indicação Geográfica vem sendo uma alternativa para o desenvolvimento territorial e para o crescimento do comércio local.

*Murielly Nóbrega, Analista I e gestora do projeto Cadeia de Valor da Mandiocultura  – Sebrae Acre

 

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