Vamos imaginar Rio Branco, uma das capitais de menor densidade populacional do país, comportando 8 milhões de habitantes, tipo Rio de Janeiro, por exemplo! Certamente o cidadão teria sido refém dos ladrões dentro do quarto, do banheiro, do botequim, da sala de aula, da academia, da garagem…
Nesses quase três meses de entressafra política (de 7 de outubro até a ressaca do réveillon), a garantia de vida humana por aqui, que havia tempos andava sofrível, agora pifou por completo (a propósito, quem sabe o nome do secretário de Segurança do Acre? Não vale recorrer ao doutor “Gúgol”, pois aí é mamão com açúcar)!
Para as pessoas comuns, amanhecer vivo hoje no Acre é uma bênção que merece ser compartilhada no púlpito das igrejas todos os dias. Tal como no Afeganistão ou na Siria, morre-se como bicho à luz do sol, pois, com o número insuficiente de peritos, o Estado não investiga nada, e se o faz, os resultados são sepultados pela bendita burocracia!
No trajeto de ida e volta para o aeroporto, sempre nas madrugadas, outra lástima: o temor natural de voar se torna uma prazerosa aventura perante a iminência de se perder tudo (em especial o direito de viver) para os valorosos soldados do crime. Eles agem tranquilos, cientes de que não há proteção à vítima, impedida por lei de carregar consigo um mísero canivete. A PRF tem compromissos mais urgentes, normalmente diurnos, entre os quais postar seus agentes estrategicamente debaixo de pontos de ônibus, a fim de enquadrar motoristas que trafegam a mais de 60 quilômetros nas BRs. Ilegal? Não! Mas…
Sim, minha gente, sobreviver à bandidagem virou uma epopéia naquele que seria o melhor lugar para viver na Amazônia, quem diria! Um prato cheio para os sites de notícias e os grupos de whatsapp, com suas imagens cruéis que deixam até o senhor capeta comovido. Ah, sim, as funerárias agradecem – tanto que mantêm plantões estabelecidos, cada uma com sua atribuição, sem ferir o direito da concorrente. Em frente, então!