Em reação contra uma operação do Ibama, funcionários de madeireiras autuadas por irregularidades ambientais realizaram um protesto em Manacapuru (99 km de Manaus). Por medida de segurança, os fiscais deixaram a cidade antes que a marcha chegasse ao hotel onde estavam hospedados.
Durante a manifestação, alguns carregavam cartazes mencionando o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), que tem acusado o Ibama de praticar “ativismo ambiental xiita”.
Desde a semana passada, o Ibama interditou 11 madeireiras da cidade. A operação teve o apoio da Polícia Federal, que prendeu em flagrante um empresário após a fiscalização ter encontrado madeira serrada não declarada no sistema DOF (Documento de Origem Florestal).
Segundo o Ibama, madeireiras usam toras extraídas ilegalmente para fabricar pallets, usados principalmente pelas indústrias de bebidas da Zona Franca de Manaus.
Funcionários do Ibama e do ICMBio têm relatado aumento da hostilidade contra fiscais na Amazônia desde a eleição de Bolsonaro, incluindo carros incendiados e ameaça de morte.
O presidente eleito se tornou feroz crítico dos órgãos ambientais depois de ter sido autuado em R$ 10 mil por pescar dentro de uma unidade de conservação, no litoral do Rio de Janeiro. O caso ocorreu em 2012, mas a multa nunca foi paga.
Em entrevista recente à Folha de S.Paulo, a presidente do Ibama, Suely Araújo, disse que o discurso de Bolsonaro “é uma apologia à irregularidade, a achar que seguir as normas ambientais é desnecessário, é frescura, é coisa de quem quer atrapalhar o desenvolvimento do país”.