Nota do PT é de um cinismo sem precedentes depois de 20 anos de afrontas e tirania

Feridas abertas

A turma do PT do Acre, despojada do poder ao qual se habitou em duas décadas de vitórias eleitorais, parece agora inconformada com a derrota acachapante colhida nas urnas, no pleito de outubro do ano passado.

A culpa é sempre dos outros

Na nota divulgada nesta terça-feira (8), a direção estadual da sigla recorre ao velho expediente de atribuir aos adversários os defeitos que lhe são inerentes.

Artimanha

A despeito da ressalva feita no texto sobre a precocidade de qualquer avaliação crítica à gestão do governo de Gladson Cameli, os companheiros afirmam haver “perseguição aos valorosos funcionários públicos” do estado – o que é falso.

Questão de ordem

Se de fato os companheiros ouviram o recado dado por Cameli ao seu secretariado, via mensagem de voz no WhatsApp, eles tratam de misturar alhos com bugalhos na tentativa de confundir a opinião pública. A proibição de abrigar na nova gestão os deserdados dos governos anteriores nada tem a ver com o alegado menosprezo aos servidores públicos estaduais, que por sinal foram sempre prejudicados por decisões que só privilegiaram a companheirada.

Estafa

Explicar o obvio é cansativo, sobretudo quando, aos reclamantes, as versões tendem a prevalecer sobre os fatos. Mas sou um sujeito paciente e não me deixo vencer com facilidade.

Despudor

A afirmação da direção petista, segundo a qual “A perseguição feita pelo novo governo (…) demonstra um claro descontrole e afronta à democracia” é de uma desfaçatez que só perde, em despudor, para o calote dado pelo ex-governador Tião Viana nos aposentados e pensionistas, que ainda não viram a cor do 13º salário relativo a 2018.

Recalque

Sob a falsa alegação de defender os servidores públicos estaduais, os companheiros não conseguiram esconder a única intenção do manifesto: fustigar aquele que lhes impingiu a mais humilhante derrota eleitoral depois de 20 anos de triunfos.

Republicanos uma pinoia!

Além disso, repisar a balela sobre a luta pela “democracia e espírito republicano na administração pública” esbarra na fartura dos antecedentes de um grupo que manietou a imprensa, emudeceu os servidores e tratou os prefeitos adversários como inimigos.

Na prática, a teoria é outra

Ressalto ainda a afirmação de que “o valor técnico de cada servidor deve ser o primeiro critério para qualquer avaliação e reconhecimento”, o que nos governos do PT nunca serviu à oferta de gratificações aos mais dedicados e nem acesso às almejadas CECs – criadas aos milhares para contemplar correligionários, apaniguados, afilhados políticos e até amantes de ocasião.

Questão de lógica?

A nota do PT afirma que “Eles (servidores públicos) foram e são fundamentais para as transformações e bons resultados no estado”. Como o Acre faliu sob o comando do PT, a pergunta da coluna é a seguinte: os companheiros também culpam o funcionalismo pelo desastre legado por Tião Viana ao sucessor?

Basta provar

Por fim, a nota da direção do PT defende “o respeito à diversidade de pensamentos e à manutenção do estado democrático”. Mais um questionamento aos companheiros: em 20 anos no poder, o sistema público de comunicação abriu as portas às divergências políticas? Se sim, quantos foram os representantes da oposição que puderam expressar suas ideias através a Rádio Difusora Acreana e da TV Aldeia?

A arte de adular

Tendo feito parte da equipe de jornalistas que atuaram na assessoria de comunicação do ex-governador Jorge Viana, fui testemunha de que a meritocracia era sempre preterida à bajulação. E como havia puxa-sacos por lá!

O mundo é dos espertos

Com Tião Viana não foi diferente. Cercado de assessores ociosos e bem-remunerados, a lição dada por um deles ao dono de um jornal local é capaz de esclarecer como funcionaram as coisas sob o jugo do PT. Disse o espertalhão o seguinte: “Minha função aqui é dar apenas as boas notícias ao comandante. Quanto às más, prefiro que ele fique sabendo por outros meios”. Viram só? E pra isso o sabichão recebia R$ 15 mil por mês.

Cirúrgico

Sobre esse assunto, o senador eleito Marcio Bittar (MDB), que concedeu, nesta terça-feira (8), uma entrevista ao jornalista Antônio Muniz, da TV Rio Branco, foi taxativo: “Não dá para ter pessoas de esquerda em um governo de direita. As mentalidades são diferentes”, disse ele. E as práticas também, acrescento eu.

Pra encerrar  

Em suma, resumo o que escrevi acima da seguinte maneira: 1) petistas e servidores públicos não são a mesma coisa; 2) apelar à solidariedade dos que sofreram sob a tirania dos companheiros no poder é fazer pregação no deserto; 3) não será com discursos vazios e eivados de mentiras que o PT vai conseguir se erguer do brejo em que imergiu por si mesmo; e 4) passou da hora de essa turma entender que quanto maior a farsa que protagoniza, pior será nossa aversão diante de tamanho descaramento.

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