A verdade não é um valor para a esquerda. Descobri isso pela primeira vez quando era estudante de pós-graduação, pesquisando sobre a União Soviética e ideologias de esquerda para o Instituto Russo da Escola de Relações Internacionais da Universidade Columbia. E tudo o que eu aprendi depois disso apenas confirmou essa convicção.
Pessoas mentem na direita e na esquerda. Pessoas dizem a verdade na direita e na esquerda. Mas o liberalismo, ao contrário do esquerdismo, valoriza a verdade. Quanto mais à esquerda alguém se coloca, mais fundo entra no mundo da mentira.
Por que a esquerda mente? Há dois motivos principais.
O primeiro é o fato de os esquerdistas darem mais valor a seus objetivos que a dizer a verdade. Por exemplo: qualquer economista honesto sabe que as mulheres não recebem 20% a menos que os homens pelo mesmo trabalho, feito com a mesma carga horária, sob as mesmas condições. Mesmo assim a esquerda repete a mentira de que mulheres ganham 78 centavos para cada dólar que homens recebem.
Por que um empregador contrataria homens se eles podem contratar mulheres e conseguir o mesmo trabalho, feito com o mesmo grau de excelência, pelo mesmo número de horas, e ainda por cima economizando 20%? É uma questão que apenas Deus ou a esfinge podem responder.
O esquerdismo se baseia em sentimentos, não na razão ou na verdade.
Então, quando colunistas do New York Times repetem essa bobagem, eles acreditam nela. A resposta é que eles não ficam se perguntando “é verdade?”. Eles se perguntam “Essa afirmação ajuda a promover a tese esquerdista de que mulheres são oprimidas?” Qualquer coisa que sirva para esse fim está moralmente justificada.
A segunda razão é que o esquerdismo se baseia em sentimentos, não na razão ou na verdade. Desde Karl Marx até Bernie Sanders, a preferência esquerdista pelo socialismo sobre o capitalismo é totalmente baseada na emoção.
Apenas o capitalismo cria a riqueza. O socialismo só gasta o que o capitalismo gera. Os esquerdistas não sabem disso? Mesmo se souberem, o apelo emocional do socialismo acaba prevalecendo.
Os esquerdistas acreditam que há mais de dois sexos? Claro que não. Por isso eles renomearam o sexo como “gênero”, e depois redefiniram “gênero” para significar o que eles quiserem que signifique.
Então, na esquerda, a verdade é subserviente a dois valores mais elevados: a doutrina e a emoção. O que leva à questão desse texto: os esquerdistas creem nas suas mentiras?
Os esquerdistas acreditam que o aquecimento global vai destruir o mundo como o conhecemos em 12 anos, como disse recentemente a deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez? Não sei. Eles parecem tentar convencer uns aos outros a acreditar nas suas histerias, mas a prática não segue o discurso.
Quer uma prova simples de que a esquerda está mentindo sobre a ameaça iminente do aquecimento global à civilização? Os esquerdistas não apoiam a energia nuclear. É impossível acreditar que a emissão de combustíveis fósseis vai destruir o mundo e, ao mesmo tempo, se opor à energia nuclear, que é limpa e barata. A Suécia, que a esquerda adora usar como modelo, tem 40% de sua matriz energética baseada na energia nuclear.
Se você tivesse certeza de estar com uma doença terminal, e mesmo assim recusasse um remédio que certamente o curaria, todos nós teríamos muitos motivos para acreditar que você realmente não acredita estar tão doente assim.
Quer mais provas de que a esquerda não acredita na sua histeria sobre aquecimento global? Quantos esquerdistas com casa na praia, em qualquer lugar do mundo, venderam seus imóveis? Se eles realmente acreditassem que o aquecimento global realmente vai fazer o nível dos oceanos subir a ponto de inundar as áreas litorâneas em todo o mundo, por que eles não venderiam a casa na praia enquanto podem recuperar o investimento e, ainda por cima, embolsar um lucro?
Outro exemplo da retórica esquerdista que não se manifesta na prática: a esquerda nos diz que as faculdades estão contaminadas por uma “cultura do estupro”, mas toda família esquerdista continua mandando as filhas à faculdade. Se você acreditasse que certo ambiente está repleto da “cultura do estupro”, em que uma em cada quatro ou cinco garotas é estuprada ou assediada sexualmente, você mandaria sua filha de 18 anos para lá? Claro que não. Então, como é que mães e pais de esquerda seguem matriculando as filhas nas universidades? A resposta lógica seria a de que eles sabem que isso é mentira – mas isso não interessa, já que, para a esquerda, dizer a verdade é muito menos importante que combater o sexismo, o assédio, a misoginia, a “masculinidade tóxica” e o patriarcado.
Mais um exemplo: “Muros não funcionam”. É inconcebível que as pessoas que digam isso – especialmente aqueles que erguem muros ao redor de suas propriedades – acreditem nisso. Mas os esquerdistas fazem essa afirmação com a mesma tranquilidade com que Stálin chamava Trotsky de “fascista”, mesmo que Trotsky e Lenin tenham sido os pais da Revolução Russa.
A questão não é se a verdade é um valor cultivado pela esquerda. A única questão é se os esquerdistas acreditam em suas mentiras. E, acredite ou não, eu ainda não sei. Então, faça os seguintes testes e conclua por conta própria:
Pergunte a quem você conhece e diz que o aquecimento global vai destruir a maior parte da vida na Terra em 12 anos por que ele não defende a energia nuclear. Se responderem que ela é muito perigosa, então você sabe que está diante de um histérico, não de alguém que valoriza a ciência. Pergunte a quem você conhece e diz que o aquecimento global é uma ameaça à existência, e tem casa na praia, por que ele ainda não vendeu a casa. Pergunte a quem quer que diga que existe uma “cultura do estupro” nas faculdades por que ele ou ela mandou (ou vai mandar) a filha para a universidade.
É possível amar a verdade e ser liberal, conservador, libertário, ateísta, crente, judeu, cristão, muçulmano, hindu. Mas não dá para amar a verdade e ser esquerdista.
Dennis Prager é colunista do The Daily Signal, apresentador de rádio e criador da PragerU. Tradução: Marcio Antonio Campos.