O governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B) mandou suspender, já a partir deste mês, o pagamento de pensões vitalícias a ex-governadores ou às suas viúvas no Estado. O pagamento de pensões desta natureza é uma aberração jurídica, na visão da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), registrada em vários estados brasileiros, incluindo o Acre. A OAB é autora de ações no Supremo Tribunal Federal (STF) contra a legislação que permite o pagamento.
No Acre são pagas pelo menos 17 pensões no valor médio de R$ 35 mil mensais. Recebem uma ex-governadora (Iolanda Fleming), cinco ex-governadores (Flaviano Melo, deputado federal, Romildo Magalhães, Jorge Viana, Binho Marques e Tião Viana) em pleno gozo de suas atividades, inclusive políticas, e o restante é pago para viúvas de ex-governadores. Total de gasto com as pensões: mais de meio milhão de reais por mês.
Ainda em campanha eleitoral, o então candidato a governador Gladson Cameli fez da suspensão do pagamento uma bandeira e dizia que, se eleito, suspenderia as pensões já no primeiro mês de governo, mesmo tendo que cortar na própria carne já que uma das beneficiadas é sua tia, Beth Cameli, viúva do ex-governador Orleir. Uma vez eleito, Gladson Cameli não conseguiu cumprir a promessa por causa dos impedimentos jurídicos em relação à questão, disse seu porta-voz, jornalista Rogério Venceslau.
De acordo com o porta-voz, pessoalmente o governador é contra o pagamento mas sua assessoria jurídica recomendou que a suspensão, pura e simples, do pagamento poderia trazer consequências jurídicas no futuro. “Por isso, antes o governador mandou fazer consulta à Procuradoria Geral do Estado, avaliando todas as situações jurídicas, inclusive essa que permitiu ao governador do Maranhão suspender os pagamentos”, disse, ao ContilNet, o porta-voz Rogério Venceslau. “Não há um prazo porque, neste momento, a PGE tem outras demandas, mas o governador está cobrando celeridade para o caso”, acrescentou.
Flávio Dino, o governador do Maranhão, suspendeu o benefício com base em parecer favorável do Supremo Tribunal Federal (STF) em uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) proposta pela Procuradoria-Geral da República. No Maranhão, assim como no Acre, o benefício era garantido pelo disposições constitucionais do Estado.
No Maranhão, cinco ex-governadores recebem R$ 30.471,11 todos os meses. Um deles é o ex-presidente José Sarney (MDB), que tem outra aposentadoria, do Senado, no valor de R$ 29.036,18 — total de R$ 59.507,29 mensais. José Reinaldo Tavares (PSDB) recebe a pensão e o salário de deputado federal, de R$ 33.763. O senador Edison Lobão (MDB) também acumula o salário de parlamentar e a pensão. Ambos recebem R$ 64.234,11 mensais. Os ex-governadores João Alberto de Souza e Roseana Sarney (MDB) também constam na folha de pagamento das pensões especiais. O Estado do Maranhão tem a população mais pobre do país, dizem estudos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).