Preso a uma cadeira de rodas desde que sofreu um acidente em 2009, ao cair durante uma corrida a cavalo, o estudante Emilson Souza de Farias, de 40 anos de idade, morador do conjunto Tucumã, em Rio Branco (AC), perdeu os movimentos do corpo mas jamais a esperança de ter uma vida com um mínimo de qualidade. Uma das saídas para isso, segundo o próprio descobriu, passa pela Educação. O problema é que Farias agora enfrenta um problema tão grave quanto ao acidente que ele sofreu: o descaso do poder público em relação às pessoas portadoras de deficiência, que, no seu caso, está o impedindo de estudar.
Ele depende de ajuda para tudo: tomar banho, comer e estudar, tendo que precisar do auxílio de quem anote em seu caderno o que os professores passam no quadro da escola e ultimamente não está tendo essa ajuda. Estudante do programa do Ceja (Centro de Educação de Jovens e Adultos), já no último ano de conclusão do ensino médio, ele não está conseguindo acompanhar as aulas na escola “Raimundo Gomes de Oliveira”, lá mesmo no Conjunto Tucumã, porque a Secretaria de Educação até agora não disponibilizou um profissional que o auxilie na hora de escrever, como ocorria nos anos anteriores. “Eu vou todos os dias para a aula mas não tenho quem copie para mim e eu não posso escrever. É um absurdo o que está acontecendo”, definiu.
Farias conta que voltou a estudar depois de vencer uma depressão severa, quando só pensava em por fim à própria vida. No entanto, depois de ver o drama pelo qual passavam outros cadeirantes em situação piores que a sua, ele resolveu lutar opor qualidade de vida e voltou à estudar, mas está esbarrando no problema da falta de alguém que o auxilie. “Os profissionais que auxiliam os estudantes com deficiências simplesmente desapareceram. Na Secretaria de Educação o que dizem é que está faltando esse tipo de profissional”, disse Farias.
De fato, o problema existe, informou a Secretaria de Educação por meio de sua assessoria de imprensa. É que os profissionais que passaram em concurso e que estão sendo chamados a assumirem suas tarefas, deixam para a última hora e essas lotações acontecem de forma muito lenta, disse a assessora Érica Torres. Segundo ela, há outros casos além do de Farias, inclusive com portadores de autismo. “É um problema que a secretaria tenta resolver mas depende da gestão de pessoas”, disse.