Um documento com reivindicações aos governos do estado e federal deverá ser divulgado nesta sexta-feira (26) no encerramento da versão local do 15º Acampamento Terra Livre (ATL), uma atividade do movimento nacional indígena e realizado concomitantemente em Brasília e no Acre, além de outras regiões do país. Trata-se de um encontro entre representantes das diversas etnias dos povos indígenas do país, desencadeada pela Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), que no Estado se realiza em Rio Branco, na Universidade Federal do Acre (Ufac).
No Acre estão reunidos no momento cerca de 80 lideranças indígenas do Estado, do sul do Amazonas e noroeste de Rondônia. São representantes dos povos Apurinã, Yanawa, Huni Ku Ni, Jaminawa e outros, como os Kaxaris, de Rondônia.
Em Brasília, o movimento começou na manhã desta quarta (24) na Esplanada dos Ministérios, mas depois de pressão da Polícia Militar do Distrito Federal, as delegações foram forçadas a deixar o local e se dirigir à Praça dos Ipês, ao lado do Teatro Nacional. As negociações transcorreram durante a manhã, após a chegada dos indígenas no final da madrugada. Em Rio Branco, no entanto, o encontro vem sendo realizado dentro da normalidade.
As delegações dos representantes no encontro começaram a chegar na terça-feira (23). Todos se alimentam no local e dormem no departamento de antropologia da Ufac. Os debates são em torno de saúde indígena, demarcação de terras e o retrocesso do movimento indígena em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro.
“Queremos que a Funai (Fundação Nacional do Índio) volte ao Ministério da Justiça e saia do âmbito do Ministério da Agricultura”, disse Alana Manchineri, 28 anos, uma das organizadores do ATL no Acre. Segundo ela, o documento a ser divulgado será em entregue às autoridades na próxima sexta-feira (26). Inicialmente, os primeiros convidados do movimento a registrarem presença no local são os deputados Daniel Zen (PT) e Edvaldo Magalhães (PC do B) e a federal Perpétua Almeida (PC do B).
No documento com reivindicações estaduais, o movimento indigenista local vai reivindicar do governador Gladson Cameli a recriação da Assessoria dos Povos Indígenas e políticas que possam contribuir para a municipalização da Saúde Indígena. “Nós queremos abrir diálogo com o governador local, porque já vamos para o quinto mês de governo e até agora nada”, disse Alana Manchineri.