Mesmo com a crise na Ufac, Paleontologia comemora 36 anos mostrando seu trabalho

Mesmo com a crise que ameaça seu funcionamento no segundo semestre deste ano por corte de verbas no orçamento, já anunciado pelo Ministério da Educação, o que deve resultar na ocupação de sua sede, no Campus Universitário, no próximo dia 15 de maio, além da possibilidade de greve de alunos, professores e corpo administrativo, a Universidade Federal do Acre (Ufac), através do Laboratório e Pesquisas Paleontológicas, manterá a programação da instituição para comemorar mais um aniversário dos estudos locais nesta área. A programação estava sendo elaborada antes do anúncios de cortes no orçamento mas, apesar do anúncio, está mantida.

Pesquisadores da Ufac procurando fósseis no Rio Chandles/Foto: reprodução

“Em que pese a crise frente aos cortes de recursos anunciados pelo Governo Federal, os paleontólogos da Ufac resistem e enfrentam a crise no campo de batalha mostrando o resultados de suas pesquisas inéditas e suas relevâncias no cenário mundial”, disse o professor doutor Jonas Filho, diretor do Laboratório de Pesquisas Paleontológicas da Universidade Federal do Acre (LPP/Ufac) e coordenador do evento.

O LPP/Ufac foi institucionalizado através da Resolução 19 de 13 de maio de 1983, para fins de apoio às atividades de ensino, pesquisa e extensão do curso de Biologia, ligado ao então Departamento de Ciências da Natureza (DCN), hoje Centro de Ciências Biológicas e da Natureza (CCBN) e vai comemorar o aniversário de 36 com uma vasta programação mesmo em meio à maior crise da história da Universidade.

Professor Jonas Filho vai mostrar um pouco de seu trabalho sobre os gigantes da Amazônia

A comemoração será de uma semana, de 14 a 18 (dia 15 não haverá atividades por causa da ocupação do Campus) em que pesquisadores e estudantes da Ufac se reunirão para a celebração dos 36 anos de atividades paleontológicas na Instituição. O evento (ver programação) é aberto para estudantes universitários, estudantes das escolas Municipal e Estadual, e ao público em geral.  Além de assistir palestras de alto nível, o público interessado também poderá visitar uma das mais importantes coleções de fósseis da Amazônia. No laboratório, estão os fósseis, por exemplo, do Purussauros, o maior jacaré que já viveu no mundo, além da mais recente descoberta dos pesquisadores, o jacaré com chifre, o maior jabuti e a preguiça gigante, dentre outros gigantismo do passado em terras Amazônicas.

Isso é parte do trabalho de Jonas Filho e de outros pesquisadores. Além dos palestrantes locais, outros vêm de São Paulo, Santa Catarina e Rondônia. Irão falar de suas experiências, sem custo para a instituição Ufac. “Os pesquisadores/palestrantes estão vindo ao Acre, além das parcerias que realizam, pelo prestígio e reconhecimento da importância das pesquisas paleontológicas realizadas pelos pesquisadores da Ufac”, disse Jonas Filho.

Os geoglifos da Amazônia conitnua a desafiar a ciência e palestrante vai revelar como os descobriu

Outro palestrante conhecido do Acre e dos acreanos é o professor Alceu Ranzi, que, já aposentado, vem do sul do país falar sobre uma de suas descobertas e paixões – os geoglifos da Amazônia que ainda são um mistério para a ciência.  De acordo com o pesquisador, os desenhos geométricos encontrados na terra nesta parte da Amazônia mostram que eles foram feitos há mais de 500 anos, alguns correspondendo a espaços de até três quarteirões de diâmetro, todos feitos na época anterior à chegada dos europeus ao Brasil.

Para Alceu Ranzi, tais estruturas são sinais da presença de sociedades indígenas complexas e populosas, que teriam até desmatado boa parte da floresta original para construir seus monumentos. Uma nova análise sugeriu que os geoglifos costumavam ter vida curta e podiam ser produzidos por grupos indígenas pequenos.

De acordo com o coordenador do evento e também Coordenador do Laboratório de Paleontologia, Jonas Filho, a semana cumprirá o importante papel de levar ao público o resultado de 36 anos de um trabalho cujos resultados veem contribuindo para um melhor entendimento sobre o passado da Amazônia e mais particularmente, do Acre. “Isso servirá também para mostrar à sociedade os perigos e prejuízos causados por uma política governamental que não valorize a Educação, a Ciência e Tecnologias”, disse.

PUBLICIDADE