O Acre está em processo de transição para atingir o status de estado livre de febre aftosa sem vacinação. A última campanha de vacinação será realizada em novembro deste ano, quando deverão ser imunizados animais de até 24 meses. Depois disso, o Acre, Rondônia e parte do Amazonas estarão fora do calendário previsto no Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa (PNEFA).
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) deu início em 2017 ao PNEFA. Para projetar a transição de país livre da febre aftosa com vacinação para o sem vacinação, as unidades da Federação foram organizadas em cinco blocos.
Por isso, o estado foi escolhido pelo Mapa como um dos primeiros a receber a certificação de zona livre sem precisar mais de vacinação. A transição irá permitir ao estado atender a mercados consumidores mais exigentes, para ampliar a exportação da carne.
“O Acre tem a oportunidade de possuir situação sanitária superior a maior parte do país, o que além de agregar valor no preço da tonelada de carne exportada, garante a dianteira na comercialização com países como Chile, Bolívia e, especialmente, o Peru”, destacou o presidente do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf), Rogério Melo.
O estado possui cerca de 3,3 milhões de cabeças de gado, um patrimônio pecuário avaliado em R$ 4 bilhões. O setor é o terceiro que mais movimenta economicamente o PIB do estado, com cerca de R$ 1,5 bilhão anualmente. A pecuária gera em torno de 75.000 empregos diretos.
“A retirada da vacinação é de suma importância para o estado. Vamos conseguir valorizar o patrimônio bovino e abrir novos mercados para a carne bovina acreana. Iremos cumprir todas as metas e atender todas as exigências impostas pelo Ministério da Agricultura. O Acre está no caminho certo e será de grande valia o status de livre de aftosa sem vacinação. Estamos em um cenário privilegiado”, enfatizou Luziel Tavares, superintende do Ministério da Agricultura no Acre.
De acordo com o presidente do Idaf, o êxito do Programa Nacional de Erradicação e Prevenção da Febre Aftosa está na junção de esforços públicos e privados, infraestrutura do serviço veterinário e o na sólida fundamentação técnica de medidas sanitárias. Este trabalho é desenvolvido no Acre pelo Idaf, órgão máximo de defesa e inspeção de produtos de origem animal.
Para assegurar o processo de transição de status, o governo do Estado está programando uma série de investimentos, como a reforma de prédios das unidades do Idaf e ainda a realização de concurso público para a ampliação do quadro de servidores, para o primeiro semestre de 2010.
Além disso, o Idaf conta com o apoio do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado do Acre que repasse quase R$ 1 milhão anualmente ao Instituto, garantindo crescimento e fortalecimento do setor.
“Um novo convênio será firmado entre o Ministério da Agricultura e o Idaf para dar condições ao estado de acompanhar o Bloco I e fazer a transição para Zona Sem Vacinação”, disse o presidente.
Vantagens da certificação
Entre as vantagens da retirada estão a redução de perdas na produção leiteira e de carne devido aos deslocamentos de rebanhos e de manejo. A certificação também facilita o acesso a novos mercados e gera uma economia de R$ 800 milhões anuais somente na compra da vacina em todo o país.
“Eu avalio esse processo como muito construtivo. Cada ano que passa nosso rebanho está mais sadio, mais protegido e estamos próximos de alcançar o status de livre de aftosa, sem vacinação. Existem mercados que ainda estão inacessíveis pra nós devido a vacinação, sem ela conseguiremos alcançar os melhores mercados do mundo, agregando valor pro país, os produtores, o comércio, todo mundo”, comemora o produtor Marcelo Cordeiro.