Opinião: “O Brasil em expectativa: até quando?”

Começa a se esgotar o tempo que o governo de Jair Bolsonaro e deputados e senadores recém eleitos contam junto à população para se organizarem e apresentarem os primeiros atos concretos da gestão que se inicia e os seus primeiros resultados.

Estamos em meados do mês de maio e os graves problemas do país, concentrados no desemprego e em milhares de obras paralisadas, permanecem inalterados. A economia estancou, à espera da aprovação da reforma da Previdência, o pontapé inicial para que a máquina pública possa dar os primeiros passos na direção da confiança externa e no caminho da retomada dos investimentos.

Sabemos todos que a reforma da Previdência não é uma varinha mágica que a tudo muda e soluciona. Mas, sem ela, nada acontece.

O presidente Jair Bolsonaro, acompanhado do ministro Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro/Foto: Marcos Corrêa

Nós, empresários, habituados a tomarmos decisões correndo os riscos, os quais são parte inerente do sistema econômico liberal, estamos passando rapidamente da expectativa positiva que a eleição de um novo Governo sempre acarreta, para a estupefacção com a demora na aprovação de uma reforma que já é de cunho coletivo. Ou no bom português, uma reforma que todo mundo acha necessária, quer ver aprovada, e que não se realiza.

A expectativa é boa para os negócios porque embute uma certa animação com o futuro mais próximo e nos leva a agir com maior rapidez e flexibilidade.

Nenhuma economia pode se alimentar apenas de expectativas.

No entanto, nenhuma economia pode se alimentar apenas de expectativas. Quatro meses já se passaram e o governo Jair Bolsonaro, democraticamente eleito com a grande maioria dos votos dos brasileiros – o que lhe dá, portanto, um capital extraordinário para tomar decisões, mesmo que impopulares no presente – ainda se debate num discurso ideológico que, se foi necessário para o palanque eleitoral, não se adapta ao governo e à gestão.

Neste momento, caberia ao Executivo e ao Legislativo estabelecerem uma força-tarefa para aprovar a reforma da Previdência e, na sequência, colocar em prática programas e projetos para incrementar a economia brasileira.

Os 13 milhões de brasileiros que demandam um emprego imediato para dar continuidade às suas vidas têm pressa. A pressa de quem precisa produzir para gerar renda e riqueza.

Nesse contexto imediatista, desviar o foco para outros assuntos – importantes também, mas plenamente prorrogáveis – como o governo Jair Bolsonaro vem fazendo, corrói o capital básico que o país precisa para tomar o caminho certo de uma economia saudável e vigorosa: a confiança.

O longo debate que se trava em torno do Controle de Atividades Financeiras (Coaf), por exemplo, leva o Governo, seus líderes e seus dois mais importantes ministros, Sérgio Moro (Justiça) e Paulo Guedes (Economia), a uma preocupação que me parece injustificada.

Ou seja, num governo realmente comprometido com o combate à corrupção, é indiferente a localização de um órgão de segundo escalão. A equipe técnica que comanda o Coaf obedecerá a um comando único de controle financeiro, seja ele vindo da Justiça ou da Economia. É o projeto de governo que dita as regras, tanto para o ministro da Justiça com o da Economia.

Este é apenas um exemplo, entre vários e vários, que levam o governo a desviar do foco principal, que é a reforma da Previdência. Nessas alturas dos acontecimentos, tanto o novo Congresso Brasileiro, como o governo Jair Bolsonaro, em quem a população depositou as últimas esperanças de mudar radicalmente a condução do País, estão devendo uma gestão eficiente, competente e com resultados efetivos a todos os brasileiros.

Não se vive, nem se trabalha, e nem se gera empregos apenas com expectativas de mudança. É hora, como se diz nos rincões do Brasil, de mostrar serviço.

Marcos Domakoski é presidente do Pró-Paraná e ex-presidente da Associação Comercial do Paraná.

PUBLICIDADE