O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, confirmou agenda no Acre na próxima segunda-feira (3), mas não vai a Xapuri, a terra onde nasceu e morreu o líder sindical Chico Mendes, assassinado em dezembro de 1988 e que se tornou ícone internacional do movimento ambiental, cuja história já foi classificada pelo executivo do presidente Jair Bolsonaro como sem importância. Salles vem ao Acre a convite do senador Márcio Bittar (MDB-AC) e participará de agendas em Rio Branco e em Cruzeiro do Sul e retorna a Brasília no mesma segunda-feira.
Ricardo Salles chega a Rio Branco no domingo (2) à noite. Será recepcionado pelo governador Gladson Cameli, pelos três senadores do Acre (além de Márcio Bittar, Sérgio Petecão e Mailza Gomes), além de deputados que integram a bancada do Acre no Congresso Nacional. O ministro será recepcionado em jantar pelo governador Gladson e a primeira-dama Ana Paula Correia Cameli, no Palácio Rio Branco.
Na segunda-feira, sua agenda em Rio Branco começa com visitas ao Parque da Maternidade, mais precisamente no local onde os dejetos do canal, além do esgoto, são jogados in natura no rio Acre. Também deve assistir a vídeos sobre os fenômenos das enchentes e das secas no rio Acre, classificados pelo senador Márcio Bittar como a maior tragédia ambiental do Estado. A ideia do senador é fazer com que o Ministério do Meio Ambiente libere recursos para o início de estudos sobre os fenômenos no rio Acre, que vão incluir a possibilidade de desvios do leito do rio, retirando-o do centro da cidade a fim de evitar problemas no período das enchentes.
Márcio Bittar tem denunciado que todos os anos o Estado gasta muitos recursos públicos com o problema das enchentes sem, no entanto, procurar uma solução definitiva para o problema. O rio Acre e seus problemas fazem parte do que o senador chama de o primeiro grande eixo de seu mandato, já que o segundo seria uma agenda que visa integrar comercial e economicamente o Estado do Acre ao Peru, o país vizinho.
Por isso, de acordo com o senador, a agenda de Ricardo Salles no Acre inclui uma visita a Cruzeiro do sul, ainda na tarde da segunda-feira. Ali o ministro, os senadores, além do governador Gladson Cameli e parlamentares interessados no assunto devem se reunir com lideranças locais, inclusive indígenas, para iniciarem os debates em torno da possibilidade de ligação terrestre entre as regiões do Juruá e de Ucayale, através da selva amazônica, com a cidade peruana de Pucalpa, um trajeto de aproximadamente 200 quilômetros.
A agenda anterior do ministro previa uma ida dele a Xapuri, para conhecer a casa onde viveu e morreu o líder Chico Mendes, além de uma visita a uma colocação na reserva extrativista do município, que também leva o nome do ambientalista. A mudança de agenda e a suspensão da visita a Xapuri, segundo a assessoria de Márcio Bittar, não teve nenhum viés ideológico, já que o ministro, logo após tomar posse, deu declarações relativizando a importância histórica do ativista Chico Mendes para o movimento ambientalista. “Foi aperto de agenda mesmo”, disse Bittar sobre a não-ida do ministro a Xapuri.