Escritor carioca Fabrício Carpinejar emociona internautas com texto dedicado a Rhuan, morto pela mãe

O escritor carioca Fabrício Carpinejar emocionou os internautas ao compartilhar um texto de sua autoria onde lamenta a morte precoce do pequeno Rhuan, que foi brutalmente assassinada na última sexta-feira (31), pela própria mãe com a ajuda da madrasta.

Em seu texto, Carpinejar pede desculpas a Rhuan. “A criança acabou morta pela mãe e pela companheira dela para aliviar gastos financeiros. Seu fim significou, de acordo com a alegação absurda das assassinas, um enxugamento doméstico: uma boca a menos para alimentar. Ele não teve como se defender. Nenhum menino teria como se defender”, diz texto.

O escritor lamenta a vida sofrida de Rhuan ao lado das homicidas. “Há mães que não poderiam ter filhos. Ela, muito além, não poderia ter nascido. O menino unicamente sofreu, unicamente viveu para sofrer. Suas dores gritarão pelas paredes por uma porta durante muito tempo ainda. Não contou com nenhum motivo para sorrir. Não conhecia sequer o respeito, muito menos passou perto do amor”.

Leia o texto na íntegra,q ue até o fim da reportagem já contava com quase 4 mil compartilhamento em apenas duas horas.

PERDÃO RHUAN!

Fabrício Carpinejar

O diabo não precisa existir, gente perversa já realiza o seu trabalho.

O homicídio do menino Rhuan, de 9 anos, pela sua mãe, Rosana, 27 anos, na última sexta-feira (31/5), em Samambaia (DF), é de uma violência demoníaca.

A criança acabou morta pela mãe e pela companheira dela para aliviar gastos financeiros. Seu fim significou, de acordo com a alegação absurda das assassinas, um enxugamento doméstico: uma boca a menos para alimentar.

Ele não teve como se defender. Nenhum menino teria como se defender. Como pode se defender alguém com o tamanho dele, com a idade dele, com a inocência dele, com o olhar dele assustado, sem entender o castigo que nunca terminava?

Rhuan devia se perguntar por dentro: o que eu fiz de errado para merecer isso?

É aquele momento em que o gênero humano perde a salvação como um todo.

Elas esfaquearam o pequeno enquanto dormia, esquartejaram e tentaram queimar. O escândalo de fumaça mudou o plano do descarte e as duas o colocaram em sua mochila de escola. Imagine: a sua mochila da aula (proibido de frequentar) tornou-se o seu caixão.

Há mães que não poderiam ter filhos. Ela, muito além, não poderia ter nascido.

O menino unicamente sofreu, unicamente viveu para sofrer. Suas dores gritarão pelas paredes por uma porta durante muito tempo ainda.

Não contou com nenhum motivo para sorrir. Não conhecia sequer o respeito, muito menos passou perto do amor.

Ficou nas mãos de torturadoras que se fingiam de família para receber pensão enquanto os parentes do Acre – pai e avós – cobravam notícias.

Serviu de cobaia para maus-tratos intermitentes e inexplicáveis. Viu o seu pênis ser cortado há cerca de um ano em um procedimento caseiro. Jamais foi levado ao médico. Era forçado a se vestir de menina. Era forçado a deixar os cabelos compridos. Era forçado a manter relações sexuais com a irmã de criação, de 8 anos. Era odiado. Era humilhado. Era escravizado. Estava isolado há meia década, longe de qualquer olhar e apoio para soletrar socorro.

Sua agonia aconteceu rápida demais diante da lentidão da Justiça.

Rhuan é sinônimo de perdão. Rhuan perdão, perdão Rhuan. É o que penso sem parar. É o que peço sem parar.

PUBLICIDADE