A taxa de desemprego no Brasil caiu para 12,3% no trimestre encerrado em maio, atingindo 13 milhões de pessoas, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Trata-se da segunda queda seguida e da menor taxa desde o trimestre encerrado em janeiro (12%). No mesmo trimestre do ano passado estava em 12,7%.
(Correção: ao ser publicada, esta reportagem errou ao informar que o número de trabalhadores sem carteira assinada bateu recorde no trimestre encerrado em maio. A taxa é a quinta maior da série histórica, e o recorde, segundo o IBGE, foi atingido no trimestre encerrado em novembro de 2018. A informação foi corrigida às 10h15.)
Apesar da queda na taxa de desocupação, os números de subutilizados e desalentados (que desistiu de procurar emprego) atingiram o recorde de toda a série história da pesquisa, iniciada em 2012.
Segundo o IBGE, o número de desempregados “ficou estatisticamente estável” tanto em relação a igual período de 2018 como frente ao trimestre anterior (de dezembro de 2018 a fevereiro de 2019).
Na véspera, o Ministério da Economia divulgou que foram criados 32.140 empregos com carteira assinada no país em maio, o pior resultado para o mês desde 2016, quando houve fechamento de vagas. No acumulado no ano, foram gerados até maio 351.063 postos formais de trabalho.
A população ocupada chegou a 92,9 milhões de pessoas no trimestre encerrado em junho, crescendo em ambas as comparações: 1,2% (mais 1.067 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e 2,6% (mais 2.361 mil pessoas) na comparação como o mesmo período de 2018.
Segundo o IBGE, o aumento da população ocupada foi observado em quase todos os ramos de atividade, à exceção da construção e comércio, que na comparação com o trimestre anterior registraram pequena queda. As que mais empregaram foram a indústria, a agricultura e, sobretudo, na administração pública.
Subutilização e desalento batem recorde
Apesar do aumento do número de ocupados no país, os números no IBGE mostram que a queda do desemprego tem sido determinada pelo aumento do trabalho informal e da subocupação.
A taxa composta de subutilização da força de trabalho subiu para 25% ante 24,6% no trimestre anterior, se situando em patamar recorde. O número significa que 1 em cada 4 brasileiros em condições de trabalhar está desempregado, trabalhando menos horas do que gostaria ou simplesmente desistiu de procurar emprego.
“A população subutilizada (28,5 milhões de pessoas) é recorde da série iniciada em 2012, com alta em ambas as comparações: 2,7% (mais 744 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 3,9% (mais 1.066 mil pessoas) frete ao mesmo trimestre de 2018”, informou o IBGE.
O grupo de trabalhadores subutilizados reúne os desempregados, aqueles que estão subocupados ou fazendo bicos (menos de 40 horas semanais trabalhadas), os desalentados (que desistiram de procurar emprego, embora pudessem assumir uma vaga de trabalho caso lhe fosse oferecida) e os que poderiam estar ocupados, mas não trabalham por motivos diversos, como mulheres que deixam o emprego para cuidar os filhos.
De acordo com a pesquisa, o país encerrou maio com 4,9 milhões de pessoas desalentadas – número recorde da série histórica. Em 1 ano, o número aumentou 3,7% (mais 175 mil pessoas).
A subutilização por insuficiência de horas, relativa a quem trabalha menos de 40 horas semanais, mas gostaria e poderia trabalhar mais horas, atingiu 7,2 milhões de pessoas. Na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, esta população aumentou 14,2% (898 mil pessoas a mais).
De acordo com a analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, Adriana Beringuy, dos novos 1 milhão de trabalhadores que ingressaram no mercado de trabalho, 60% foi ocupado para trabalhar menos do que poderia.
“Temos um aumento de população ocupada que cresce, mais que mais da metade desse incremento é de trabalhadores subocupados por insuficiência de horas”, destacou.
Informalidade recorde
O número de trabalhadores sem carteira assinada no país somou 11,4 milhões de pessoas, o equivalente a, aproximadamente, 18% de toda a população ocupada no país em maio. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o número aumentou 3,4% (mais 372 mil pessoas).
Já o número de empregados no setor privado com carteira assinada ficou estável frente ao trimestre anterior, segundo o IBGE, reunindo 33,2 milhões de pessoas. Na comparação interanual, entretanto, houve alta de 1,6% (mais 521 mil pessoas).
O número de trabalhadores por conta própria chegou a 24 milhões de pessoas, recorde da série histórica, com crescimento de 5,1% (mais 1.170 mil pessoas) frente ao mesmo período de 2018.
Considerando a soma dos trabalhadores por conta própria e de sem carteira assinada (um termômetro da informalidade no país), o número chegou a 35,4 milhões, o maior já registrado pela série histórica do IBGE.
“O trabalho por conta própria está sendo usado nas diversas atividades. A indústria, por exemplo, tem uma população ocupada de cerca de 12 milhões de pessoas, sendo que quase 2 milhões estão na indústria têxtil e de confecção, cuja maioria é de costureira que trabalha por conta própria”, destacou Adriana.
Renda em queda
O rendimento médio real habitual ficou em R$ 2.289, queda de 1,5% frente ao trimestre anterior (R$ 2.306) e praticamente estável frente ao mesmo trimestre de 2018. Já a massa de rendimento real habitual (R$ 207,5 bilhões) permaneceu estável em relação ao trimestre anterior e cresceu 2,4% (mais R$ 4,9 bilhões) frente ao mesmo período de 2018.
Economia estagnada
Os principais indicadores de maio continuaram a mostrar uma cenário de economia estagnada, após uma queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no 1º trimestre.
Ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada na terça-feira (25), mostrou que o Banco Central não descarta a possibilidade de uma nova recessão. O BC destacou que a economia brasileira segue operando com “alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”.
Já os economistas das instituições financeiras baixaram na última semana a estimativa de alta do PIB deste ano de 0,93 para 0,87%, segundo a pesquisa Focus do BC. Foi a 17ª queda consecutiva do indicador. O BC, por sua vez, reduziu para 0,8% a previsão para o crescimento da economia brasileira em 2019.