“Na proporção de mil para milhões”, advogada e ativista questiona desvalorização da mulher

A valorização da mulher no negócio futebol e no mundo corporativo foi pauta de artigo da advogada Isnailda Gondim, que também é ativista em direitos da mulher e presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB/AC, por meio do qual questiona a disparidade nos valores pagos em função do gênero e chama atenção para a discriminação da mulher ainda existente no mercado de trabalho.

Isnailda Gondim/Foto: Assessoria

“A mulher no Brasil sofre discriminação no trabalho, é vítima de comentários preconceituosos, tem suas habilidades questionadas em momentos de crise e, com isso, pode-se entender que há um importante trabalho de conscientização a ser feito, para que haja um mútuo reconhecimento, quer seja nas empresas, nos esportes, nos relacionamentos interpessoais, conjugais para que a mulher possa avançar ainda mais”, avalia.

Isnailda Gondin, que também é especialista em Direitos das Mulheres toma como exemplo, para sua análise, a diferença gritante de remuneração existente entre homens e mulheres no mundo do futebol, reflexo do que acontece no mundo corporativo

“A proporção é de mil para milhões e mulheres jogam bola tão bem quanto os homens, conforme relatado em estudo de Julen Castellano, publicado na revista científica Human Movement Science”, disse.

No material a advogada, mostra um quadro em que aparecem os dez jogadores de futebol mais bem pagos do mundo, conforme time e valores em euro do salário anual incluindo, bônus e outras receitas como publicidade. De acordo com o Infomoney, Messi da Argentina, do time Barcelona, recebe 130 milhões de euros; Neymar que, atualmente joga do Paris Sain-Germain, tem salário de 91, 5 milhões de euros. Enquanto a mulher jogadora mais bem paga, Marta do Brasil, do Orlando Pride, ganha 44 mil euros, segundo o site 90 min.com.

“Marta foi eleita 6 vezes consecutivas a melhor jogadora do mundo e maior artilheira em mundiais, fez mais gols do que o Pelé, e mesmo assim, o seu reconhecimento por mérito é irrefutável, mas as consequências práticas em valores de passe, negócios e propaganda são em proporções milionariamente inferiores”, acrescenta a especialista.

Ela destaca ainda que, de acordo com sua pesquisa homens apresentam desempenho físico melhor, percorrem mais extensão do campo em metragem nos 90 minutos de partida, mas por outro lado, as mulheres são equivalentes aos homens quando se trata de nível técnico.

Em outro ponto da análise, Isnailda Gondim lembra que “quando se faz um comparativo com as demais profissões em que as mulheres ocupam posição de liderança, vemos que o caminho para a igualdade dos gêneros no mercado de trabalho ainda é longo. O desafio não está concentrado apenas na equiparação salarial, mas principalmente nas oportunidades de crescimento, desenvolvimento e respeito às mulheres”, ponderou.

Gondim observa que “ainda vivemos uma triste realidade, a discrepância de valores em remuneração, a inferioridade de tratamento dado a mulher no mundo profissional e o baixo reconhecimento das grandes corporações quanto à retribuição de imagem, quando as mulheres são a melhor imagem a se expor, pois geralmente para conseguir êxito, histórias de superação se repetem, e quando tem êxito financeiro na vida busca a proteção da família e cuidado da prole e segue ascendentes.  A mulher cuida dos seus acima de tudo, principalmente acima de seus interesses”, ponderou.

Por fim, a advogada conclui que o que falta é confiabilidade na capacidade e conhecimento das mulheres para que sejam mais valorizadas como profissionais.   “Esses índices e fatores demonstram mais que nunca que a valorização da mulher é uma questão cultural, não se podendo olvidar da condição de que a mulher é vítima de preconceito por parte dos homens e também das próprias mulheres – necessitando de mais sororidade entre todas elas. (…) Faz-se necessário, paixão, coragem e persistência para seguir, reafirmar constantemente os valores que nos fazem prosseguir na busca de uma sociedade mais igualitária e isonômica nas questões de gênero”, concluiu.

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