A vereadora Geane Silva (PSDB), de Capixaba, município a 77 quilômetros da capital Rio Branco, confirmou, nesta segunda-feira (16), que ela e mais dois colegas – Chico Gomes (PSB) e Gedeão Silva (PDT) – vão apresentar requerimento para a abertura de uma CEI (Comissão Especial de Investigação), uma espécie de CPI municipal, para investigar o prefeito Antônio Cordeiro, o “Joãozinho” (MDB), além de assessores mais próximos. O prefeito e seus assessores são suspeitos de contratarem pessoas da cidade como funcionários comissionados de secretarias municipais e muitas dessas pessoas sequer sabiam de tais contratações, nem viam a cor do dinheiro. Seriam os chamados “laranjas”.
Geane Silva disse que o requerimento deveria ter sido apresentado na semana passada, quando a Câmara Municipal, que se reúne uma vez por semana, a cada terça-feira, deveria ter debatido o assunto. O documento deixou de ser apresentado porque, no horário da sessão, a cidade ficou totalmente às escuras, num blackout não esclarecido pela empresa fornecedora de energia elétrica no Estado, a Energisa. A suspeitas dos vereadores de oposição é que a suspensão da energia não tenha ocorrido por acaso e tenha sido algo deliberado para impedir a reunião na Câmara e impedir a apresentação do documento, como acabou acontecendo.
“A suspensão de energia serviu apenas para adiar a decisão dos vereadores. Para nós, a decisão está tomada e a Prefeitura precisa ser investigada. Muitas coisas que estão ocorrendo ali na Prefeitura devem ser esclarecidas’, disse Geane Silva.
De acordo com denúncias recebidas pelos vereadores, uma das secretarias municipais implicadas seria a de Ação Social. Ali, as pessoas estariam sendo contratadas como servidores comissionados, conforme atestado pelo Portal da Transparência, sem nem mesmo saberem do fato. Foi o que ocorreu com um funcionário do Armazém Santo Antônio, uma empresa privada de Capixaba, cujo funcionário, com carteira assinada, que nem teria tempo para prestar serviços à municipalidade, apareceu como servidor comissionado.
“O problema é que ele negou que tenha recebido qualquer quantia da Prefeitura”, disse o vereador Richard Lima de Oliveira (PSDC), presidente da Câmara. De acordo com o vereador, o rapaz suspeita que alguém da Prefeitura teve acesso a seu cartão bancária e à sua senha. A suspeita maior é porque sua esposa é empregada doméstica na casa de uma assessora de confiança do prefeito.
Procurado, o prefeito “Joãozinho”, que era vice-prefeito e está interinamente no cargo porque o titular, José Augusto, foi afastado do cargo por denúncias de corrupção, disse que não teme as investigações. “Que os vereadores fiquem à vontade para investigar”, disse.